Monday, May 31, 2010

Fui gongada!


Esta noite sonhei com um gongo. Acordei me perguntando, qual o significado. Fui no oráculo online e olha só o que ele me respondeu:

O gongo representa a espiritualização da matéria. O som do gongo é o som da totalidade, o som do Om, ele nos tira das nossas limitações mentais, do pequeno, da divisão, e nos leva para libertação do ego e o encontro com o divino. Com o todo. 

Oxalá!

Saturday, May 29, 2010

Roda de Capoeira

ai quem dera eu
segundo a segundo, viver
como numa roda de capoeira
de corpo presente
e alma inteira

ai quem dera eu
dia após dia, levar a vida
como no jogo de capoeira
gingando na espontaneidade e no improviso
aceitando a minha lágrima e o meu riso

ai quem dera eu
ao longo dos anos, aprender
o que se aprende nos passos da capoeira
que a vida é uma arte em movimento,
sempre proclamando a liberdade
como seu juramento

ai quem dera eu
com o passar do tempo, compreender
o que compreende a tradição da capoeira
que somos apenas um canal,
sendo a roda quem 
realmente expressa o poder real

e ao final da vida
quem dera eu
sentir o que sente
um capoeirista ao término de sua luta
e poder falar com sinceridade e fé:
combati o bom combate e mantive a conduta

Thursday, May 27, 2010

Palavras habitadas

As minhas palavras andam desabitadas. Falo por falar. Mando beijos e abraços que nem sequer sinto. Quase que falsos, de tão ocos. Pergunto "Como vai?", mas nem ouço a resposta. Tudo exclusivamente para seguir o protocolo. Esta semana, em um exercício na aula de teatro, percebi fortemente o meu condicionamento. O exercício? Bastante simples: a minha parceira de improviso tinha no colo uma bexiga azul que representava o seu último sonho. O derradeiro depois de terem lhe tirado todos os demais. Sendo assim, ela cuidava e protegia o balão com muito carinho. O que eu precisava fazer? Furar a bola de soprar e destruir o último sonho que lhe restou na vida. Confesso que, para mim, tirar o sonho de suas mãos e pipocar o balão foi relativamente tranqüilo. Fui lá e paf! De fato, foi mecânico. Diria até que insensível de minha parte. Melhor: pragmático. Era o que tinha que ser feito. Depois que cometi este ato, provavelmente egoísta e injusto, o diretor falou: "agora peça perdão. Porém, esqueça o seu condicionamento. Somente peça perdão quando este sentimento estiver dentro de você. Quando realmente for verdadeiro". Bem, os minutos passavam e eu não tinha a mínima vontade de pedir desculpas. Eu simplesmente olhava para ela e julgava: "por que devo pedir perdão a uma pessoa que me entregou seu sonho de bandeja? Ela praticamente deixou que eu matasse o sonho dela. Ela deveria ter lutado contra - analisava eu. Deveria ter feito de tudo para preservar o que ela queria. Se eu estivesse no lugar dela, teria gritado, esperneado, sei lá. Feito alguma coisa. Qualquer coisa. Reagido. Sim, definitivamente reagido. Sendo assim, eu não vou pedir perdão pelo que fiz. Eu não sinto remorso algum. Culpa alguma". Vários minutos se foram e a gente se olhando. Fixamente. Minutos entravam e saiam e eu ficava ali, analisando o comportamento que ela teve. O tempo corria e eu presa no meu julgamento. Nos meus pensamentos. Sem sentimento. Até que, de repente, eu olhei bem dentro dos olhos dela e vi. Finalmente enxerguei o quanto aquele sonho era importante para ela, o quanto tinha um significado, que eu desconhecia. E não importava mais como ela tinha reagido. Não importava como eu teria reagido. Porque o outro reage como o outro. E eu reajo como eu. E a única coisa que realmente tem valor é o sentimento. E quando finalmente senti o sentimento dela, os meus olhos se encheram de lágrimas. Aí eu disse: perdão. E o diretor falou: "corta!".  Mas ignoramos o comando e continuamos ali paradas. Possuídas. Sem conseguir sair do lugar. Silenciosamente imersas na força de palavras habitadas. Tomadas pelo preenchimento de sinônimos convergentes: sentimento e verdade.

Wednesday, May 26, 2010

Comentário de Krishnamurti a um dos meus posts


Por "acaso", hoje li um comentário do Krishnamurti sobre o meu post "Cadê o botão?" ;-)

"As células nervosas criaram, pois, um padrão, e essas mesmas células nervosas recusam-se a criar outro padrão, que pode ser incerto. O movimento do certo para o incerto é o que eu chamo de medo." 

Krishnamurti - "Liberte-se do Passado"

Fabrício Corsaletti - Seu Nome

Tuesday, May 25, 2010

Sir Ken Robinson: Bring on the learning revolution!



Why don't we get the best out of people? Sir Ken Robinson argues that it's because we've been educated to become good workers, rather than creative thinkers. Students with restless minds and bodies -- far from being cultivated for their energy and curiosity -- are ignored or even stigmatized, with terrible consequences. "We are educating people out of their creativity," Robinson says. 

Monday, May 24, 2010

Cansei de partir


Cansei de partir. De ir. De fugir de mim mesma. Agora quero simplesmente ficar aqui. Em mim. Sentindo o sentimento. Todo o resto é escapismo. 


No teatro hoje

Do lado de fora o maior frio. E lá dentro a coisa pegando fogo, na batida e no movimento da música.



Salvador, me espere. Em breve estarei aí! Para continuar no calor e no ritmo!

Sunday, May 23, 2010

Lá na Vila

ah, nego
você deu uma volta em mim
e me confundiu
com o seu axé

por isso
demorou para eu ver
porque me bati com você

agora sei
que o patuá do seu Oxóssi
está mais elaborado
do que o meu

mas fala aí, neguinho:
axé combina com
observação?

pensei que tivesse
mais a ver
com os feitiços
da natureza
e as mandingas
do coração

quem sabe um dia
você me explica.
Ou não...

Saturday, May 22, 2010



"Maomé ficou em solitude durante alguns meses; Jesus por somente alguns dias; Mahavir durante doze anos e Buda durante seis anos. Depende. Mas a menos que você chegue ao ponto onde você possa dizer “agora conheci o essencial”, é imperativo ficar sozinho".


Osho, The Book of The Secrets

Som e fúria!

Ouvimos lá no teatro! Que delícia dançar e cantar enquanto os outros estão no trânsito. E gritar bem alto e em coro: "o passado é uma roupa que não nos serve mais!"

Friday, May 21, 2010

Cadê o botão?

Há uns dois anos, impulsionada pelas trombadas da vida e inspirada pela frase "make new mistakes", resolvi, de forma consciente, que queria evitar os erros clichês. Como diz um amigo, aqueles que a gente já conhece, mas cai de novo. Pensei: sou uma pessoa determinada. Vou atrás disso. Chega de repetir os mesmos erros. Cansei de apanhar por minha própria falta de sensibilidade para enxergar o óbvio. Fácil dizer. Difícil fazer. A primeira conclusão evidente que cheguei foi: errar é humano. Repetir o erro é condicionamento. E mudar um condicionamento (ou vários) que carregamos ao longo de muitos anos é uma coisa bem difícil. Coloca difícil nisso. Tão difícil, que começa pelo fato de que nem sabemos que se trata de um padrão fixo. E mesmo quando descobrimos o motivo da repetição, não mudamos. Porque, na maioria das vezes, entendemos a causa através do racional, dos pensamentos, da mente. Entretanto, a teoria na prática é outra. Ah, bem outra. Lindo seria apertar um botão e descondicionar. É que no mundo utilitário de hoje às vezes temos esta impressão: é só apertar o botão de ligar e desligar. Pegar o controle remoto e mudar de canal. Para máquina isso funciona que é uma maravilha. Para mim que sou humana e limitada, cheia de imperfeições e contradições, constato que nem botão existe para apertar. Pelo menos, ainda não me apresentaram nenhum botão que sirva para "descondicionar". Dois anos depois, sou obrigada a admitir: ainda falta muito chão. Sabe quando você acredita que percebeu tudo, e de repente, se vê fazendo as mesmas coisas e cometendo os mesmos erros? É foguete! Descobri que isso acontece porque o truque da vida é o seguinte: o tempo é outro, o cenário é outro, as pessoas são outras. Só eu sou a mesma, mesmo sendo diferente. E advinha? Fiz tudo exatamente dentro do meu bom e velho condicionamento. É aquela história: a Kombi bateu no muro de novo. O muro pode ser de outro material, de outra cor, estar posicionado em outro lugar. Mas a minha Kombi, ano 69, bateu porque eu ainda não aprendi como desviar do muro. Já tentei algumas estratégias, como, por exemplo, deixar a Kombi estacionada. Simplesmente dar um tempo. Tão logo eu resolvi pegar a Kombi, advinha? Lá estava ele, o muro. Também já tentei bater um papo com os muros. Mas os muros são os muros, eles seguem fazendo o que é de sua natureza. Descobri que a minha mente é craque em tentar burlar a situação. Ela cria soluções incríveis, do tipo: que tal escapar, fugir, mudar de trajeto? As soluções parecem bem lógicas. Mas, nem preciso dizer, que os meus condicionamentos desconhecem completamente essa lógica racional. Sabe por quê? Porque eles só consideram, única e exclusivamente, os meus medos, que de lógicos e racionais não possuem nada. Pois é. Dois anos depois, e eu aqui. Tentando apenas aceitar que o que eu realmente preciso fazer é enfrentar os meus medos. Como diz o sábio Guimarães: "A única coisa que ela (a vida) pede da gente é coragem". Vamos a eles, os medos! Quem sabe assim, tenho a chance de cometer erros novos. E, da próxima vez, ao invés de bater no muro, oxalá eu bata num poste.

Sobre chimpanzés e pirulitos


Ele me escreveu: “Pat, deixa eu te confessar uma coisa. Eu sempre me senti um chimpanzé conversando com você. Mas depois do nosso último encontro, me sinto um chimpanzé usando uma camisa do Corinthians, com um Dip'n'Lik na mão. Parabéns por ser quem é. E o melhor ainda: por ser quem você está se tornando. Nietzschiana até a medula. Graças a Deus".

E eu respondi: “Que bom que você se sente um chimpanzé! Eu ando nesta busca. Acredito que o nosso selvagem é que nos leva ao self-autêntico. E ainda mais com um pirulito na mão. Selvagem e lúdico! Diga-me, o que mais precisamos para deixar a originalidade emergir? Acho eu que nada além do que liberar o nosso lado primitivo e a nossa criança interior. Este é o super-homem, do qual Nietzsche tanto fala. Triste daqueles que ainda não captaram essa mensagem. E felizes daqueles que já chegaram nisso. Parabéns, meu querido! Que inveja! Quanto à camisa do Corinthians, ah, eu não entendo nada de futebol!"

E a propósito, lembrei daquela frase do Freud: "Quando Pedro me falou de Joaquim, sei muito mais sobre Pedro do que sobre Joaquim".

Thursday, May 20, 2010



Ela me disse: "Pat, dentro de você existe um motor de máquina de lavar roupa de 12 quilos!" Eu ri.



Wednesday, May 19, 2010

Zéu Britto





Zéu Britto

Até esgotar

Eu queria gritar
por horas
o seu nome

até você sair
dos meus
pensamentos

Eu queria
me entrelaçar
na sua veia

para consumir
de uma vez por todas
o seu abraço

eu queria
lamber a sua boca
de novo
e sem parar

até cansar
de você
ficar exausta
de você

O meu caos particular

Eu não sei dos outros. Mas sei de mim. Vivo num caos. Num turbilhão interno. Num furacão incessante. Quando eu era adolescente, as pessoas me falavam da crise de adolescência. Elas só esqueceram de me dizer que essa crise não passa quando viramos adultos. Porque as perguntas continuam: quem sou eu? O que eu estou fazendo aqui? São tantas inquietações. As mesmas inquietações sem respostas. Novas inquietações sem respostas. Sempre me surpreendo quando vejo pessoas aparentemente lineares. Eu não consigo. Eu até tento. Mas, em algum momento, cai tudo por terra. Porque a minha alma é assim mesmo: desassossegada. É que eu questiono. Eu me pergunto. Eu não me conformo das coisas serem como são. Existe uma rebeldia dentro de mim. Durante muito tempo, tinha receio de usar essa palavra e assumir que sou rebelde. Porque eu não entendia direito o que é ser rebelde. Pensava no James Dean e em todos aqueles estereótipos de rebeldia: sexo, drogas e rock&roll. Nada contra esses itens. Mas a minha rebeldia é diferente. Eu questiono o superficial. Eu me rebelo quando querem me impor regras que para mim não fazem sentido. Eu quero fazer as coisas do meu jeito, não por egoísmo, mas por necessidade mesmo. Afinal, se o meu DNA é diferente do resto da humanidade, por que eu deveria fazer igual? Eu penso nessas coisas. Em coisas que talvez passem batido. Eu me pergunto: por quê? Várias vezes. Continuamente. Dizem que as crianças perguntam por quê. Eu ainda sou uma criança. E me pergunto: por que no mundo em que vivemos é mais fácil a gente se embrutecer do que amar incondicionalmente? É um mundo louco este. Eu acho. As pessoas querem tomar remédio para deixar de sentir. Preferem se submeter do que se revoltar. Bem, mas as pessoas sou eu. Aliás, mais um quesito que fica na minha cabeça: o foco no outro. Por que queremos mudar o outro, a cada instante, mas nos recusamos a mudar os nossos próprios padrões e condicionamentos? Por que será que vivemos olhando para fora e tão pouco para dentro? Estou tentando parar de falar na terceira pessoa: a sociedade. A sociedade sou eu. Assumir a minha vida, as minhas responsabilidades. Parar de julgar o outro. De dizer o que o outro deveria fazer. O outro é problema do outro. Parar de falar sobre liberdade como algo abstrato e finalmente ter coragem de viver a liberdade. Parar de falar sobre sentimento e simplesmente sentir. Parar de falar, e agir. Ser a atitude. Ter a coragem de ser. Suspiro. Como eu disse: eu tenho um turbilhão dentro de mim. E escrevo estes textos caóticos e sem muito sentido apenas porque preciso, de alguma forma, me manter numa possível sanidade. Já que a linearidade é impossível para mim.

Se olhar para trás, vira estátua.


“Então um dos anjos disse a Ló: agora corra e salve a sua vida! Não olhe para trás, nem pare neste vale. Fuja para a montanha; se não, você vai morrer. E aconteceu que a mulher de Ló olhou para trás e virou uma estátua de sal.” Gênesis 19:17

"Se você está atravessando o inferno, continue indo." (Sir Winston Churchill)
...

Um dos meus princípios de vida: em bons e em maus momentos, continue caminhando.

Tuesday, May 18, 2010

Corpo Fechado

O meu pai me ensinou que devemos crer na boa fé das pessoas, até que elas provem o contrário. Sigo acreditando nisso. A vida me ensinou que devemos ver as pessoas além das palavras, através de suas atitudes. Aprendo cada vez mais com isso. E a Bahia me ensinou que é prudente manter o corpo fechado, evitando pessoas que nos fazem mal. Confio cada vez mais nisso. É necessário fechar o corpo para aquele ou aquilo que nos fragiliza. É preciso amparar-se no sagrado para resguardar a nossa energia vital. Imantada pela fé, peço proteção.

Dele, dela e meu. Espaço.


Na semana passada tinha algo em mim que eu sentia, sentia mesmo, profundo, mas não conseguia formular. Coisa inquietante essa, porque eu sabia que estava lá, mas não tinha nome. Nomes.  E fiquei  buscando palavras, imagens, metáforas, porém não saia. Eu precisava dizer, quem sabe explicar, mas estava confusa. Atrapalhada diante da impossibilidade de expressão. Aí uma Rosa me enviou este texto. Que traduz um sentimento dele. Dela. E meu. E quem sabe, também um sentimento seu.
...
“A única coisa que posso fazer sempre, onde for, é construir meu próprio espaço. Não esperar nunca que alguém me dê a liberdade. A liberdade tem de ser construída por nós mesmos. Como? Cada qual tem de  descobrir por si só. Minha liberdade eu construo escrevendo, pintando, mantendo a minha visão simples do mundo, espreitando na selva como um animal, impedindo as intromissões na minha vida privada. O essencial para o homem é a liberdade. Interior e exterior. Atrever-se a ser você mesmo em qualquer circunstância ou lugar. A liberdade é como a felicidade: não chega nunca. Nunca se tem completa. É só um caminho. A gente caminha atrás da liberdade e da felicidade. E assim se vive. E só a isso que se pode aspirar. Faz alguns anos, e durante muito tempo, minha vida andou presa a conceitos,  a preconceitos, a idéias preconcebidas, a decisões alheias. Aquilo era  autoritário e vertical demais pra mim. Não conseguiria amadurecer assim. Vivia numa jaula, como um bebê que protejem e isolam pra que jamais amadureça seus músculos e desenvolva seu cérebro. Tudo desmoronou diante de mim. Dentro de mim. Com muito estrondo. E fiquei a beira do suicídio. Ou da loucura. Tinha de mudar alguma coisa no meu interior. Do contrário podia acabar louco ou cadáver. E eu queria viver. Simplesmente viver. Sem pressões. Talvez algum dia feliz. E reduzir as angústias. Isso é imprescindível: reduzir as angústias. Quem sabe seja só uma questão de ponto de vista. É preciso estar plenamente presente onde a gente se encontra, e não escapar sempre”.

Pedro Juan Gutiérrez


Ele citou Clarice: "o que tem que ser tem muita força." E fiquei pensando: por que insisto tanto em ousar driblar os deuses? Esforço vão e derrotas previsíveis. Por que foi mesmo que tentei? Talvez por ser continuamente aliciada por um engodo dos nossos tempos: a ilusão de que controlamos a realidade; uma espécie de delírio de onipotência generalizada. Que tolice a minha cair nesta falácia e querer sair da rota da natureza. Querer eu definir como o curso da vida deve ser. Que imatura eu. Tudo tem um motivo. E flui. Quando eu não atrapalho. Apenas ajudo.


Monday, May 17, 2010

Ah, neguinha...

Soterópolis, jan 10.

Algumas pessoas possuem o dom de nos fazer bem. A minha amiga-irmã Mirela é assim. Não importa como eu esteja, quando converso com ela, eu me sinto melhor. Porque ela sempre tem a palavra certa, a história certa, o conselho certo. Além das piadas certas! Como mencionei, é um talento natural. Ela simplesmente consegue dizer o que eu preciso ouvir. E não achem que ela costuma repetir suas falas. Ou decantar fórmulas que expressem algo banal. Longe disso. É simplesmente o algo que deve ser. Na hora que deve ser. Do jeito que deve ser. Fiquei pensando como ela consegue. Se é o seu carisma, seu poder de comunicação, seu sorriso fácil. Aí me lembrei da frase que ela me disse, quando nos reencontramos aqui em Sampa, de um livro muito significativo para mim: "o amor é o que há de mais importante no mundo". Ah, neguinha, como é grande o seu coração!

“E com isso te comunico uma doutrina que te fará rir, ó Govinda: tenho para mim que o amor é o que há de mais importante no mundo. Analisar o mundo, explicá-lo, menosprezá-lo, talvez caiba aos grandes pensadores. Mas para mim me interessa exclusivamente que eu seja capaz de amar o mundo, de não sentir desprezo por ele, de não odiar nem a ele nem a mim mesmo, de contemplar a ele, a mim, a todas as criaturas com amor, admiração e reverência.”
  
Hermann Hesse, Siddartha

Ser baiana é...

As pessoas sempre me perguntam: se a Bahia é tão maravilhosa, por que você mora aqui? Mas elas não entendem. A Bahia nunca saiu de mim. E eu nunca sai de lá. Ser baiana é impartível.


Sunday, May 16, 2010

Os comentários no blog


Ele escreveu (sobre a fala de alguém) no meu blog: "se você acha que o meu comentário vai ofender o cara, apague". E eu repliquei lá mesmo: "Eu não vou apagar o seu comentário e não pretendo apagar e nem moderar o comentário de ninguém. Viva a liberdade de expressão para mim, para você e para ele!" Entretanto, depois que escrevi, achei a minha resposta discursiva e moralista. E acabei deletando o meu próprio texto. Por ironia do destino, ele leu. E eu disse: "você viu, antes que eu apagasse". Aí ele retornou com uma frase da Clarice Lispector: "o que tem que ser tem muita força". Era exatamente o que eu precisava ouvir hoje. Longe de ser por causa dos comentários. Simplesmente por causa de mim.

Mas Poxa Vida: Rebolation e Status

Tristeza incomoda?


Um amigo me disse que o Rivotril, remédio contra a ansiedade, é o segundo mais vendido no Brasil, depois de uma marca de anticoncepcional. Eu me pergunto: onde está toda essa gente? Todos parecem tão felizes... ou, pelo jeito, acreditam, a todo custo, que precisam parecer felizes. É essa maldita ditadura do "positive thinking". Nada contra o positivo. Mas sou contra ditaduras. Vou continuar defendendo o meu direito à tristeza e a todos os outros múltiplos sentimentos que se cruzam em mim. Se um dia me tirarem esse direito, mesmo assim, vou continuar sentindo o que eu acho que é direito meu.

Veja matérias nas Revistas Trip e Época.
Post + Post nos blogs do Alexandre Lucas.
Do André Dahmer, através do AL:

Saturday, May 15, 2010


Mesmo que os filósofos mais geniais de todos os tempos e os sábios mais iluminados de todas as eras tenham algo valioso a me dizer, neste momento apenas quero sentir as respostas nomináveis e inomináveis que vêm de dentro de mim. Quero escutar a voz inaudível. Aquela que no silêncio murmura o indubitável. Que bate mas não fala.


Friday, May 14, 2010

Vi no Blog do Alexandre Lucas e curti.

Thursday, May 13, 2010

Ego Dialogues

Dica genial do Márcio!

Aldous Huxley (Admirável Mundo Novo) versus George Orwell (1984):

http://www.egodialogues.com/words-language/huxley-orwell.php


Wednesday, May 12, 2010

Sem título



Eu falei: "queria escrever um poema que tocasse o coração das pessoas". Ele me olhou, surpreso. Fiquei sem graça e retruquei: "é um legado simples. Sem muita ambição". E ele me disse: "pelo contrário. É muito difícil tocar o coração de alguém. Verdadeiramente tocar o coração de alguém". Espantada, entrei naquele espaço e permaneci. Refugiada. Com ele.



(Para o homem pássaro)


Jogue-se no abismo! E lá do fundo grite: sim! Não importa o que seja. Não importa quem seja. Nem quando seja. Apenas abra a garganta e deixe sair: SIM!



Tuesday, May 11, 2010

III BAAF - Bahia Afro Film Festival



Trechos de filmes da mostra competitiva da III Bahia Afro Film Festival 
http://www.bahiaafrofilmfestival.com.br/

Sobre as estrelinhas


Fiquei pensando: imagine se uma estrelinha resolvesse brilhar apenas quando alguém olhasse para ela? Que triste seria! Que bom que as estrelas brilham sem precisar de aprovação e mesmo sem platéia. Que bom que as estrelinhas não ficam se perguntando, se as estrelas maiores brilham mais que elas. Apenas seguem brilhando. Fazendo o que é de sua natureza.

Monday, May 10, 2010

Sobre os fracassos. Os meus fracassos.

(Para os meus queridos amigos Nathalie, Cris e Claus)

Um grupo de amigos e eu combinamos que vamos nos reunir em breve para falarmos sobre os nossos fracassos - sim, porque hoje em dia, todo mundo só narra os sucessos. Ou mesmo antigamente, haja vista o poema do Fernando Pessoa: "nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo." Assim sendo, comecei a pensar nos meus malogros. Não que eu tenha começado a explorar este assunto apenas neste instante. Muito pelo contrário. Mas agora irei descrevê-los publicamente. Suspiro.

Bem, eu coleciono uma sucessão de fracassos na minha vida pessoal. Foi um atrás do outro. Sempre. Possuo uma incapacidade confessa de lidar com a vida dita amorosa. Porque eu tenho aquela mania chata das pessoas cheias de medo: ninguém nunca serve. E quando serve, eu desconfio. Penso. Analiso. Questiono. Será? E neste “será?”, o tempo passa. O outro cansa. E eu ali: equacionando o inequacionável. Em suma, eu sou uma problemática. Os meus amigos já sabem. É aquela novela que inicia da mesma forma: "bacana, porém..." e termina do mesmo jeito: "acho que não". Dizem que eu sou exigente. Vai ver que sou. Mas tem aquele ditado: "quem desdenha quer comprar". E eu acrescento: todavia não quer assumir seu querer com receio de fazer um mau negócio. Fico nessa: perdido por perdido, deixa quieto. A minha salvação é que aparecem os heróis. Ou os loucos. E um belo dia, surgiu um herói louco e eu casei.

Gostaria de poder dizer aqui: “e viveram felizes para sempre”. Entretanto, a frase do Renato Russo é mais atual: "pra sempre, sempre acaba". E de todos os fracassos pessoais que eu acumulo, o maior deles foi o fim do meu casamento. Sim, fracassei. E lamento profundamente que não tenha dado certo. Aí, vira e mexe, chegam aquelas pessoas que me falam: "Pat, mas deu. Deu certo por 12 anos". Hoje em dia tem isso. As pessoas se sentem obrigadas a serem positivas - é o cacoete do tal "positive thinking" - e por esta razão sustentam este papo de que "deu certo enquanto durou". Confesso que eu quase caí nessa ladainha. Por um tempo falei essa bobagem. Hoje eu sei: deu errado. Queria que o final fosse outro, mas não foi. Este é o princípio do fracasso, você quer imensamente uma coisa, tenta de tudo, e não acontece. Ou simplesmente desacontece. E, no meu caso, desaconteceu.

Eu considero extremamente difícil assumir um fracasso, absolutamente além das minhas forças. Porque, no meu íntimo, eu não acho que tive um fracasso. O que eu sinto mesmo é: "eu sou um fracasso". Um sentimento de absoluta incapacidade me invade quando o insucesso se concretiza. Eu fico ali, parada. Sentada no meio-fio. Olhando os carros passarem. Nem o horizonte eu consigo enxergar. E tem coisa mais sem sentido do que ficar contando os carros que passam enquanto você mantricamente repete perguntas absurdas do tipo: por que não deu certo? O que eu poderia ter feito para reverter?

Para mim, essa é a pior parte do fracasso: eu não aceito. Não tem jeito: eu não aceito. Eu continuo ali, contando os carros e especulando. Aí o tempo passa e eu fico ponderando o que fazer com a ruína. Tem gente que finge tranqüilidade e joga debaixo do tapete. Bem, eu fracasso até nisso. Dizem que os sábios aprendem com os erros. Eu faço parte do grupo dos burros: juro que não sei o que aprender com o acontecido. Pois imagino que o próximo relacionamento será diferente e eu também não vou ser igual. Afinal, tudo é incrivelmente mutante e imprevisível: as pessoas, o lugar, o tempo.

Talvez esta seja mais uma desculpinha idiota para acalmar os fracassados: aproveite o erro e aprenda com ele. Será mesmo que a vida é assim? Acho arrogante acreditar que podemos aprender com o fracasso. Aprende não. Aprende nada. Sabe por quê? Porque no final das contas, o único aprendizado que a vida nos pede com relação ao fracasso é aceitar.  Aceitar a nossa impotência de não sabermos como será o próximo encontro. Aceitar que os acontecimentos são incontroláveis. Aceitar que não podemos driblar os deuses. Aceitar quem você é. Aceitar quem o outro é. No dia em que aceitamos plenamente a aceitação, que absorvemos existencialmente o fracasso, o que precisava ser aprendido finalmente se materializa.

E isto me lembra Nietzsche, uma pessoa que nunca entendeu de casamentos, mas compreendeu profundamente a existência humana: "Amor fati" [amor ao destino]: seja este, doravante, o meu amor". "Não querer nada de diferente do que é, nem no futuro, nem no passado, nem por toda a eternidade." É isso. Acolher o fracasso e o sucesso. Receber de boa vontade o bom e o ruim. Acertar e falhar. Para quem sabe, assim, permitir que a nossa humanidade seja, enfim, humana. Como disse Pessoa: "Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?"

Sunday, May 09, 2010

Let yourself feel


let yourself feel. from Esteban Diácono on Vimeo.

Recebi do meu irmão hoje. Lindos! O vídeo e o meu irmão. Apareceram na hora certa, após um almoço inesperado: just going with the flow...

Friday, May 07, 2010

Tarantino's mind


Tarantino's Mind from sessões de cinema on Vimeo.

Curta-metragem (15') de Selton Mello e Seu Jorge sobre a obra do diretor Quentin Tarantino.
O documentário em si revela o que seria um código do diretor e mostra como Tarantino pensou desde o início, antes mesmo de dirigir, nos seus personagens e deu continuidade a eles nos filmes que fez em seguida.

Thursday, May 06, 2010

Chicken Jokes!

Eu aqui pensando na vida e o Márcio me manda essa! Como ele mesmo diz: "o nosso papo não termina nunca." E eu acrescento: com ótimos intervalos de telepatia ;)


Wednesday, May 05, 2010

Eu me pipoquei de rir!



O ator Bemvindo Sequeira conta sua aventura de tentar tomar sorvete na Bahia, seu primeiro contato com o povo baiano.

Chega de esperar Godot


(Para os meus amigos virginianos no signo ou na atitude)

Eu sempre fui uma daquelas pessoas perfeccionistas. Agora, felizmente,  bem menos. Não por opção própria. Mas porque o tempo ensina.

O pior do perfeccionista é a auto-exigência, logo transformada em auto-crítica. É uma carga chata. Multiplique este peso ao longo de vários anos. Não há quem suporte. Por isso, em algum momento, quando a exaustão, de fato, bateu, simplesmente percebi que a "tentativa de ser perfeita e fazer perfeito" era a opressão mais insensata que carregava na minha vida. Confesso que queria ter me livrado deste vício completamente e me tornado uma total falha humana. Entretanto, os defeitos de fabricação não te abandonam assim, de um dia para outro. Eles são resistentes. Renitentes mesmo.

Além do perfeccionismo em si, o perfeccionista possui várias imperfeições. A pior delas é que ele tem orgulho desta inútil tentativa e continuamente alimenta esta busca. Ele fica sempre à espera de Godot. Aguardando que algo seja melhor. Venha melhor. Aconteça melhor. Tentando ser melhor. Fazer melhor. Ele fica nesta absurdez. Nesta inutilidade. Esperando o impossível: o perfeito. E, exatamente como os personagens no final da peça, que se negam a sair de cena, mesmo já sabendo que Godot não vem, o perfeccionista desentende a chegada do fim. Ele continua ali. Imóvel. Inerte. Ele paralisa. Apenas, e somente apenas, porque se acostumou àquele espaço: o da expectativa. Um lugar estéril que impede a revelação espontânea.  Por isso eu digo: chega de esperar Godot.

Saturday, May 01, 2010

Fragmento de vida - eu digo: sim!


Cansei da dor e resolvi rimar amor com amor.  Era peso demais. Desgaste demais. Impedimento demais. E como amorosamente me encontro, preciso esclarecer que não rejeito a aflição de forma brutal. E nem esperneio ou grito com ela. Delicadamente desvio meu coração do seu ataque e levanto o meu olhar para o horizonte. Serenamente entro numa nova frequência poética: amor com amor. Suave estou e suave permaneço nesta sintonia melódica. Respirando. Relaxando. Fico neste merecimento doce, depois de tanto cansaço antigo. E se o sofrimento insistir, se me mandar e-mail ou torpedo, tranqüilamente direi: errou de endereço. Aqui estou eu em outra vibração. No espaço dos afetos e das carícias afirmativas. No campo das gentilezas francas e crédulas. Na pulsão da vida. Embalada pela providência do sentir e da entrega.