Wednesday, June 30, 2010

Tuesday, June 29, 2010

Abraça-me, Heitor.


Parece que finalmente entendi a frase da maravilhosa Hilda Hilst: "Tu não te moves de ti". É, cansei do escapismo. Do meu escapismo. Agora me encontro no momento da verdade: o da coragem do enfrentamento. O que está na minha frente é o que eu tenho que viver. E vou viver, seja lá o que isso for. As outras centenas de possibilidades aproveitarei quando encontrá-las. Face a face. 


"Quero é plantar coisas novas"

Após ler o post sobre a saída de Saturno de virgem, o meu querido amigo João me escreveu: "Já vai tarde, que derrube e mate o que sobrou em mim. E que venha um vento forte pra limpar o chão, porque caco eu não vou ficar catando. Quero é plantar coisas novas." Tocada, repeti em voz alta: "que derrube e mate o que sobrou em mim. Eu quero é plantar coisas novas".

Monday, June 28, 2010

The best things in life are free

Fonte

Salvador, jun/10.

Fui além da morte e voltei.
Agora fico por aqui:
na água viva que sai da terra.

Sunday, June 27, 2010

Meu lado B

Na semana passada, conversando com um amigo que é escritor, ele me revelou que gostaria de escrever um livro sobre o "lado B" de sua vida.  Achei genial! Depois da prosa, sai da casa dele com uma provocação: "qual é o seu "lado B"? Fiquei refletindo, até lembrar que outro dia o meu irmão entrou no meu carro e disse: "Pat, todo mundo tem uma sombra. Esta é a sua". Eu estava ouvindo a Nativa FM, uma das minhas rádios favoritas. Pois é, adoro MBPBB: música bem popular e bem brasileira. De todos os gêneros, sertanejo, axé, pagode, calypso, pop forró. Tem os bregas "cults", como o Roberto Carlos e Wando, que eu gosto também. Entretanto, a minha preferência mesmo é música brega genuína com suas verdades diretas e cheias de clichês. Bem, mais sobre o lado B da minha vdida? Ah, papo para outro post ;)

Saturday, June 26, 2010

Devaneios dos ProudBookNerds

Ele disparou: “No fundo, somos mesmo seres estranhos, vitimados por nossas próprias contradições, pluralismo agnóstico, pura lógica versus paixão cega, vetores diametralmente opostos, cujas intensidades variam, brigando para comandar nossas mentes. O cérebro é um argumento.” Impressionada e em total concordância, refleti: haverá um espaço de repouso para a dialética das contradições além de meditar no Tibete? Quem sabe o amor..." Hoje acordei lembrando da discussão e tive certeza: "é, só o amor.”


Eu sonhei...

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Linp
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You

Thursday, June 24, 2010

Tchau, Saturno!

Depois de dois anos e meio em virgem, finalmente Saturno sairá definitivamente deste signo neste mês de julho (21). Para muitos esta notícia deve ser banal. Para mim, que sou virginiana, é mais que libertadora. Ouvindo isso, preciso anunciar, gritar, berrar aos quatro cantos: YEEEEEESSSS!!!!! Juro que eu não vejo a hora. Os meus últimos dois anos foram incríveis - reinvenção pura. Mas como se diz em inglês: enough is enough. Neste período, eu tive duas opções: mudar ou mudar. Literalmente, não sobrou pedra sobre pedra. Foi f**a! Mas, do fundo do meu coração, sinto que realmente valeu. Dentre as muitas (muitas!) transformações que passei e provoquei (sim, tá no inferno? Abrace o capeta), uma delas está refletida neste post: deixei de ser uma cética convicta e passei a acreditar em astrologia. Melhor, mudei completamente a minha mentalidade. Antes eu dizia: eu só acredito vendo. Hoje eu digo: eu acredito em tudo (sim, tudo!), até que me provem o contrário. Pois é, obrigada, Saturno, mas confesso que estou dando pulos acrobáticos de alegria com a sua saída. A partir de hoje é contagem regressiva mesmo. Como diz Gerônimo, cantor e compositor baiano, agora é "agradecer e abraçar". Vivaaaaaaaaaaaa!!!!!


"Desde o dia 17 de maio deste ano, o planeta Saturno, que neste momento se encontra no signo de Virgem, começou seu movimento direto pela terceira vez, ou seja, caminha em direção à porta de saída desse signo, entrando em seguida no signo de Libra. Virginianos, piscianos, sagitarianos e geminianos, sol, lua ou ascendente sentir-se-ão aliviados com essa mudança de energia. Em 25 anos de astrologia, nunca presenciei uma estada de Saturno tão pesada como esta.

Como terapeuta, há pouco mais de dois anos (Saturno fica aproximadamente dois anos e meio em cada signo) participei quase que diariamente do sofrimento, das perdas e da depressão desencadeada por esse planeta especialmente em virginianos e piscianos. Agora, com o movimento em direção à porta de saída, Saturno vai estruturando e colocando em seu lugar, lenta e definitivamente, tudo o que foi arrancado. Certamente nada será como era, pois a grande lição que se tem a aprender em trânsitos como esse é que a vida deve ser renovada todo tempo.

O que não faz mais sentido foi arrancado e atirado longe e, quanto mais teimosa for a pessoa, mais apegada e arrogante em não aceitar as mudanças da vida, mais difícil o transito se torna. Ficar preso em emoções do passado apenas intensifica e prolonga os momentos de dor. Neste momento em que fica apenas o que de fato vale a pena, é importante estar atento para todas as oportunidades de reconstrução que essa despedida de Saturno traz. Sim, porque elas virão aos montes.

O símbolo de Saturno é o de uma caveira com sua foice, pois Saturno tem tudo a ver com os processos de morte e renascimento. Como não existe nascimento sem dor, é através dela que aprendemos as lições que este pai severo tem a nos ensinar. Saturno é Chronos, o Senhor do Tempo e, necessariamente, em trânsitos como este aprendemos a suportar a impotência, a tolerância e a profunda paciência. Aprendemos através de duras lições que nossa vontade é bem limitada quando o Universo decide nos dizer "não". Afinal, quase nada chega quando queremos, mas quando deve chegar.

Com Saturno em Libra os relacionamentos passam por uma espécie de transformação profunda que vai mexer intensamente com a maneira pela qual todos estamos nos relacionando. Se é que podemos dizer que estamos de fato nos relacionando. Os medos da entrega e do encontro com o amor profundo virão todos à tona e, no final, que sempre é feliz, poderemos presenciar muitos casais felizes e realizados no encontro com uma nova forma de amar. A vida segue em frente sempre, independente de nossa vontade e no tempo que ela mesma determina. Portanto, só nos resta aprender a dançar no mesmo ritmo e tempo que ela."

Wednesday, June 23, 2010

Hoje lá no teatro II


Z: Tá esperando alguém?
P: Tô vendendo rifa.
Z: E o que que eu ganho?
P: Eu.
Z: É o quê?
P: Eu. Você ganha eu. É que comigo agora é só com a rifa. Vai levar quantas? 15 reais. Loteria Federal. Daqui 15 dias.
Z: 15 reais e eu te ganho?
P: 15 reais e você concorre...

Zé (Z)
Pat (P)
Diálogo do filme O Céu de Suely

Hoje lá no teatro


Verdade ou desafio?


Tuesday, June 22, 2010

Scraps


Mandei um scrap para ele e perguntei: "E aí, quais são as novidades?" Ele me respondeu: "a novidade é que as pessoas se transformam através dos outros. E vc? Quais são as novidades?" Adorei e mandei outro scrap de volta: "a novidade é que mais importante que perdoar ao outro é perdoar a si mesmo. Entretanto, mais importante que perdoar a si mesmo, é perdoar ao outro". E assim foi a nossa conversa hoje no orkut, cheia de novidades.

Momento da Verdade


Eu X Eu

Monday, June 21, 2010

Olhei o meu olhar


Olhei de relance o meu olhar
e vi uma observadora assustada

Atenta, olhei mais um pouco a minha pupila
e vi minha loucura, minha maldade, meu medo

Olhei mais fundo nos meus olhos
e vi uma couraça impenetrável

Olhei o meu olhar, olho no olho.

Invisível, Alice Ruiz




Ah, Alice, às vezes me pergunto se você me conquistou de cara ou aos poucos. Digo, assim, no susto, numa confluência instantânea e fulminante, ou vagarosamente, nos nossos inesperados e sucessivos encontros poéticos.  Neste devaneio desatinado, despudoradamente parafraseio você: que importa, se tudo vibra? 

Telejogo


O meu coração está batendo confuso entre pensamento e desejo. Meu pensamento diz não. Meu desejo diz sim. E o meu coração não sabe para que lado ir. Será que, em algum momento, vai rolar um intervalo neste debate? Preciso descansar...


Sunday, June 20, 2010

A pergunta que não quer calar...


O que me impede?

Os meus diálogos com o Doc...



Maravilhada, contei-lhe dos meus avanços emocionais e ele retrucou: "Para frente e para o alto, e não olhe para trás". Como sempre, divinamente assertivo, ele anteviu uma velha mania minha: a de virar estátua.
...
Outro dia, ele me elogiou docemente: "mais uma vez lhe digo: és extraordinária". Feliz, sorri inteira: ego e alma.
...
Ele me escreveu: "Impressionante o que é sincronicidade. Estava pensando em você neste exato momento e recebo o seu email, extasiante esta sensação de conexão." Ao lê-lo, balancei a cabeça: sim, extasiante o universo.
...
Eu escrevi para ele: "Chegamos no buraco negro, no meu medo de ser rejeitada". Ele, sabiamente, replicou: “não, não chegamos ao buraco negro, chegamos ao inconsciente, na dimensão abissal de nossas vidas..."
....
Profundamente sentido, ele lamentou: "desculpe, não tive a percepção necessária para dimensionar a sua fragilidade, e isto provavelmente por eu já ter percebido a sua força". Com lágrimas nos olhos, respondi: "A minha força está na minha fragilidade."


Walk the Talk

Caminho de Santiago

Eu sempre reflito sobre isso, sobre o poder da atitude. Sobre a minha atitude. Sobre o quanto o meu percurso realmente reflete o meu discurso. O quanto tenho coragem de falar e, de fato, fazer. De ser. Chego à conclusão que, no final das contas, muito pouco. O meu irmão Eduardo, vira e mexe, me diz: "Pat, você é pura teoria". Na especulação, eu faço tanta coisa. Incrível como na minha cabeça eu mudo o mundo. De palavra em palavra, eu transformo tudo ao meu redor, defendo e condeno ideologias; gero novos contextos. Entretanto, preciso dizer: eu cansei dos meus discursos vazios, da minha teoria sem prática. 

Eu poderia dizer: há tanta desconexão entre aparência e essência no mundo - aliás, esta seria uma frase tipicamente minha. Mas cansei de jogar isso para o mundo, para as outras pessoas, para a terceira pessoa do plural: eles. Agora o caso é comigo. O outro é o outro. E o que o outro faz da vida dele, isso é problema dele. Como posso defender a liberdade se fico pensando no que o outro deveria ou não fazer? Porque se o outro é livre, ele que decida! A pergunta é: e eu? Como eu vivo a minha liberdade? Como concretizo a verdade nos meus atos cotidianos? Sim, porque a verdade não é um "ente abstrato que paira no ar". A verdade é. A verdade é uma realidade diária existente em cada segundo. E não uma abstração filosófica. Também não é uma afirmação moralista. É chegar no que realmente importa: o sentimento. Cansei do sentimento na teoria. Da autenticidade na teoria. Da liberdade na teoria.

Não importa se existe ausência de liberdade ou carência de amor no mundo. A única pergunta pertinente é: existe liberdade em mim? Existe amor em mim? Existe? Vivo me defendendo da falta de amor na nossa sociedade. Gasto meu tempo nisso: me blindando contra a brutalidade nos dias de hoje. Preciso usar o meu tempo para desabrochar o amor em mim. Independentemente dos outros. Se alguém quiser ser desamor, que seja. O que importa agora é a minha coragem de dissolver a minha couraça. De sentir. De ser livre. De amar.



Sabe quando uma onda te pega e te dá um caldo? Pois é, a vida tá me dando um caldo. E eu não vejo a hora de deitar na areia para curtir o acolhimento do sol quente e o carinho da brisa do mar. 


Friday, June 18, 2010

rosa



Hoje me sinto como uma rosa em meio ao asfalto.
Pode alguém passar e me pisar, ou me gritar, me ferir, me ignorar, me cuspir, me apedrejar.
Eu nada farei.
Ficarei ali, rosa.
Existindo. Exalando.
Mas pode alguém passar e me cheirar, ou me sentir, me acarinhar, me olhar, me tocar, me arrepiar.
Estarei ali, rosa.
Suspirando. Sorrindo.
E mesmo que amanhã seja diferente,
Hoje me sinto como uma rosa em meio ao asfalto.

Ele me escreveu: "Pat, vou te confessar uma coisa inconfessável". Tomada por um encantamento, desviei a atenção do e-mail e me fixei na palavra. Repeti inaudivelmente: in-con-fes-sá-vel. De repente, tive vontade de sussurrar, ao pé do ouvido, de algum ouvido: inconfessável. Ou seduzir, olhos nos olhos: inconfessável. Ou quem sabe, levianamente, só cuspir: inconfessável. Diante de tantas possibilidades poéticas, a minha curiosidade sobre "o que não podia ser confessado" se perdeu. Desliguei o computador e continuei alheia à coisa em si. Apenas imaginando como eu iria confessar:  inconfessável.


Wednesday, June 16, 2010


Passei muitos anos acreditando que o meu valor estava no valor que o outro me dava. Quanta perda de tempo! O ser humano não é uma mercadoria. Ele não possui um valor de mercado. 


Tuesday, June 15, 2010


No final, sou sempre arrebatada por uma irrealidade poética.

Sunday, June 13, 2010

Amar, Verbo Intransitivo


Romeo and Juliet - I'm kissing you. 

"Ela repetia sempre "Carlos", era a sensualidade dela. Talvez de todos... Se você ama, ou por outra se já deseja no amor, pronuncie baixinho o nome desejado. Veja como ele se moja em formas transmissoras do encosto que enlanguesce. Esse ou essa que você ama, se torna assim maior, mais poderoso. E se apodera de você. Homens, mulheres, fortes, fracos... Se apodera. 
E pronunciado, assim como ela faz, em frente do outro, sai e se encosta no dono, é beijo. Por isso ela repete sempre, como de-já-hoje, inutilmente: “Carlos”...”

Mário de Andrade

Friday, June 11, 2010

Precisava falar isso para alguém e acho que você é o único alguém que eu conheço que talvez entenda.



Eu sempre me sinto assim: um peixe fora de todos os contextos. Uma espécie de farsa. Um não pertencimento a lugar nenhum. A coisa alguma. A nenhuma pessoa. A nada. Uma vez você me disse: “o lugar da impermanência”. Troquei e acumulei tantas profissões, já fiz tanta coisa. Eu me sinto um fracasso. Pessoal e profissional. Juro que quero ficar em algo, me sentir parte de alguma coisa, de um grupo, de alguém. Mas essa busca existencial torna todos os lugares perecíveis. Queria ter algo fixo, mas quando o fixo aparece, parece tão pouco e a metamorfose me impele. Porque se algo vem e fica, canso. Se algo vem e vai, desmonto, desmorono, sem referências. Uma sensação de que não dou conta da vida, sabe? De achar que realmente vim para a Terra para fazer alguma coisa, de que tenho uma missão, mas quando olho pra trás, vejo que não fiz nada. É um cansaço. Um desamparo tão grande essa espera da alma. Será que ela vem?


O que o outro quer que eu queira,
para mim é arcaico. 
Simplesmente caiu em desuso.


É impossível evitar o inevitável.
Atrapalhamos. Confundimos. Transtornamos.
Protelamos, retardamos, adiamos.
Mas um dia, ele nos atinge.
Sem culpa.

Thursday, June 10, 2010

"Fui forjado em fogos sagrados, apesar de tudo"

Jabberwocky, o dragão de Alice, do Tim Burton.

Ele, mais uma vez, me inspirou com as suas palavras. Emocionada, respondi: é mesmo uma peleja extenuante; sem mencionar que ainda nos espreita a luta final contra o dragão. Quando (ou se) este momento chegar, pressinto que devemos agir tal qual a Alice do filme: colocar a espada de lado e combatê-lo com a nossa intuição e fantasia. É, talvez esta seja uma possível tradução da coragem: jogar fora o nosso obsoleto arsenal de defesa, abrir o peito e confiar na mágica; submeter o monstruoso mental à alquimia do sentimento. Oxalá seja assim. Entretanto, antes da nudez anímica e do enfrentamento derradeiro, eu suplico: por favor, me deixem dormir.


E se, de repente, eu fosse eu,
você fosse você,
e nós fossemos apenas isso: nós mesmos?
E se?

Wednesday, June 09, 2010

Se eu fosse eu (Clarice Lispector)

Tudo por acaso



o tempo é uma invenção
que precisa ser reinventada,
bem longe da razão;
num lugar onde não existe medida
e que chamamos de coração.

Boi da Cara Preta


Enfiei o dedo na garganta
e a minha cabeça explodiu.
os estilhaços viraram estrelas;
o resto do corpo tombou no asfalto e sorriu:
enfim, a lua.

Tuesday, June 08, 2010

reboot.exe


A fatalidade passou por aqui. Deixou nada além do que marcas do inevitável. Em meio aos escombros brutos, me pergunto: quando virá a flor? Fecho os olhos e durmo.

Sunday, June 06, 2010

Paulo Leminski - Inutensílio



Ah, Paulo, entre você e a Alice, fico com os dois. Fico com toda a poesia e todos os versos. Com todos os orixás e todos os arquétipos. Cabe a totalidade no meu coração inquieto e na minha mente que aspira  o infinito. Nada explicam. Mas pra quê?

Whatever works

"- May I walk along with you?
- I don't see why not, you know, since we're all doomed anyway.
- Pardon me?
- Well, you know, everything ends.
- I don't think I follow.
- Well, you know, it's like the cosmos, or eternity. Whichever's bigger. I just know that we're all flying apart."

Wednesday, June 02, 2010


Página rasgada e queimada.
 Cinzas lançadas ao vento.

Eu queria pirar...

Eu acordei e repentinamente disse: "eu queria pirar". E ele me perguntou: "como você pretende fazer isso?" Já que não tinha a mínima idéia, disparei sem pensar: "eu quero ir para Kathmandu". Ele não disse nada e saiu. Pouco tempo depois, voltou com um guia de viagem na mão, estendeu na minha direção e sorriu: "Toma.  Você não falou que queria ir? Então vá." Surpresa, ri de medo. No fundo, esperava que ele me demovesse deste devaneio fantasioso. Ele, entretanto, apenas continuou me olhando seriamente. Desafiando os meus surtos matinais. Assustada, peguei o guia e folheei. Em seguida, sentei no computador e busquei: "passagem aérea barata ásia". Uma semana depois estava eu lá, em Kathmandu.

Tuesday, June 01, 2010

O meu olhar


Ao se deparar com uma foto minha de quando eu tinha uns três anos de idade, ele me disse: "você continua com o mesmo olhar." E eu perguntei: "que olhar?" Ele riu. Semanas depois ele me fotografou sem que eu percebesse e triunfante mostrou: "esse olhar".  


Armagedom

Eu não queria que terminasse
queria que exaurisse

Eu não queria que parasse de doer
queria que amputasse

Eu não queria que queimasse
queria que explodisse

Eu não queria que acabasse
queria que demolisse

Eu não queria que aliviasse
queria que estancasse

Eu não queria que limpasse
queria que purgasse

Eu não queria que saísse
queria que extirpasse

Eu não queria que findasse
queria que morresse

Eu não queria esquecer
queria a amnésia

o passado
 pertence
ao passado

De saco cheio das palavras

"Quando estiver de saco cheio delas, tranque-as em um cantinho de onde não possam sair. Nunca dentro do peito ou na garganta, sob pena de escaparem em forma de grito. Muito menos na ponta da língua, sempre afiada e disposta a transformar qualquer palavra em palavrão. De preferência num vácuo, para não se juntarem em frases de efeito, clichês ou piadas de mau gosto. Algumas vão tentar fugir e escorrer entre suas mãos para o papel mais próximo. Ou esperar um descuido e se esgueirarem na sutileza de um sussurro. Fique esperto! E se nada mais der certo, bem... sempre há a chance de ninguém te ouvir."

Duca Sampaio

CTRL+ALT+DEL

Eu quero restringir
tudo que me limita

e expandir
tudo que me liberta

Eu quero gritar
tudo que me sufoca

e silenciar
tudo que me embrutece

Eu quero olhar
tudo que me cega

e iluminar
tudo que me revela

Eu quero cuspir
tudo que me engasga

e engolir
tudo que me alimenta

Eu quero aniquilar
tudo que me destrói

e nutrir
tudo que me revigora

Eu quero afastar
tudo que é ausência

E viver
tudo que é presença


Ninguém ensina ninguém.
Ninguém muda ninguém.
Ninguém é dono de ninguém.