Saturday, June 27, 2020

Anti Cazuza


Nadando a favor da corrente, só para relaxar.

Suspensão


A vida me pediu trégua e eu dei.

Sunday, January 26, 2020

A pupila e o clique

Você me mandou uma mensagem, respondi com uma pergunta. 30 dias depois chegou a sua resposta. Pensei: os contratempos, o caos da cidade, as implosões espaciais. As pessoas têm motivos. Principalmente hoje, as pessoas têm desculpas, quando não, culpas. Muitas culpas. A dificuldade para fabricar dinheiro. Aos montes. Acontece. No seu recado, uma alegria: vamos nos encontrar. Retroceder ao tempo em que a pupila valia mais do que um clique. Que avanço! A passos largos pular o buraco tecnológico que nos separa e divide. Agora. Neste exato momento nos ver, falar. Que tal um chá, um café, um abraço? Que  deleite essa perspectiva humana. Mas sabe como é, as listas-pra-fazer, as prioridades. Agora não posso. Cerveja pela manhã pega mal. As regras. Alguém disse. Eu disse. À noite sim, à noite vamos, à noite quando não haverá mais tarefas. Nem tarefas e nem chá porque a noite você não pode. Deixamos para a próxima semana. A combinar. Voltamos para a rede, para o que nos salvará dos extermínios, da solidão e da bomba final. Não foi o que disseram? Que a ciência significa progresso? Você disse. Ou disse que disseram. Minto, você disse iluminação. Ah, meditação. Justo. Cada um no seu canto, fechando os olhos, sem interagir com ninguém. E os dias passando, como sempre passam nos últimos tempos, rápido demais, vazios demais, abarrotados de a-fazer, de amigos eletrônicos. Não nos encontramos. Ainda. Amanhã certeza. Certeza que em breve iremos transpor as barreiras do mundo contemporâneo e superar o desafio do século: ajustar os nossos ritmos. Achar um horário mútuo, uma agenda conjunta. Queremos. Você, eu, todos nós queremos que sejamos humanos o bastante para sermos reais, nos darmos as mãos, perceber a respiração quente do corpo. Sem pressa, afinal, que bobagem essa ânsia nossa para que a humanização da humanidade aconteça. Que tolice! Vamos primeiro ao exemplo que nos progride, ao computador que já nasceu iluminado. Alguém disse agride? Quem? 30% da população mundial sofre de ansiedade, sendo que o Brasil tem a maior taxa de transtorno de ansiedade do mundo. Quem se importa? As baratas. Talvez elas que assistem a violência nuclear reparem. Quem sabe elas que suportam a desumanidade percebam. Elas que não se odeiam e não se matam entre si, que superam a devastação da natureza tomara que se condoam. Oxalá esta, determinada por nós como subespécie perigosa para a saúde de homens e mulheres, tenha para a nossa sociedade um conselho, um consolo, uma bússola. Penso. Há esperança.

Thursday, August 29, 2019

Way out


Com tantas bocas falantes, o silêncio é um anarquismo.

Sunday, May 12, 2019

ainda não foi desta vez


Continuamos não querendo encarar a realidade, os dados quadrados e concretos que giram na roleta dura e imprevisível que se tornou a vida. Desentendemos o jogo e continuamos viciados nesta aposta de um dia ganhar o prêmio redentor que justifica todas as perdas anteriores. 

Apocalyptical Feelings


Se o mundo acabar, ainda temos a lua. Ops, não, não temos. Impossível respirar por aqui. Impossível respirar por lá.

Wednesday, May 30, 2018

Pra constar


Ultimamente tô andando devagarinho porque o coração fala manso e baixinho.

Tuesday, December 12, 2017

Qual a sua mania quando escreve?


As minhas esquisitices são inúmeras. Capítulo 1. Escrever em movimento, como agora: estou na esteira da academia e digitando este texto no celular. Já escrevi um conto inteiro assim. No avião, trem, navio, barco. Às vezes, carro. O deslocamento me dá a vertigem da viagem, pessoas e histórias circulando, sensações espiralando. No meu corpo? Adrenalina. Tenho vontade de escrever numa roda e sentir como as palavras rotacionam os altos e baixos gigantes. Ou numa gira de capoeira, onde a luta é pacífica.


Friday, November 10, 2017

Porque escrevo


Todas as vezes que me perguntam porque escrevo, respondo de forma diferente. Hoje, a resposta que me cai na língua é: para escapar do vazio. Escrevendo, sinto que alguém em mim existe. Talvez nem seja eu, mas já basta uma existência que seja, sendo quem for.