Friday, April 09, 2010

até o fim de tudo

eu queria queimar todos os fogos
respirar todos os ares
exaurir todos os neurônios
para então
quem sabe
chegar à impossibilidade
que talvez me leve
à possibilidade de algo

eu queria chorar até a última gota
gritar até perder a voz
abrir todas as feridas
cortar tudo que me impede
e tudo aquilo que eu penso que me impede
pois de repente aí
pode ser que venha a sensação
da sensação de algo

eu queria dar de cara com todos os fantasmas
e com todos os espectros que existem nesta
e em todas as vidas
e esgotar toda sombra
que me ronda mas que não me engole
porque quiçá assim
uma fresta se abra
para a contingência de algo

eu queria caminhar reto
direto
na direção do nada
para que de uma vez por todas
tudo acabasse
e finalmente aparecesse
ou se manifestasse
algo
em mim



2 comments:

Anonymous said...

é Pat Sampa... quem sabe faz a hora, seu texto me tocou, doc...

CRIS said...

Como uma legítima "virginiana", sensível e muito intensa!
Lindoooo!