Friday, June 11, 2010

Precisava falar isso para alguém e acho que você é o único alguém que eu conheço que talvez entenda.



Eu sempre me sinto assim: um peixe fora de todos os contextos. Uma espécie de farsa. Um não pertencimento a lugar nenhum. A coisa alguma. A nenhuma pessoa. A nada. Uma vez você me disse: “o lugar da impermanência”. Troquei e acumulei tantas profissões, já fiz tanta coisa. Eu me sinto um fracasso. Pessoal e profissional. Juro que quero ficar em algo, me sentir parte de alguma coisa, de um grupo, de alguém. Mas essa busca existencial torna todos os lugares perecíveis. Queria ter algo fixo, mas quando o fixo aparece, parece tão pouco e a metamorfose me impele. Porque se algo vem e fica, canso. Se algo vem e vai, desmonto, desmorono, sem referências. Uma sensação de que não dou conta da vida, sabe? De achar que realmente vim para a Terra para fazer alguma coisa, de que tenho uma missão, mas quando olho pra trás, vejo que não fiz nada. É um cansaço. Um desamparo tão grande essa espera da alma. Será que ela vem?

5 comments:

arosaquefala said...

"Na nossa casa amor-perfeito é mato
e o teto estrelado também tem luar
a nossa casa até parece um ninho
vem um passarinho pra nos acordar
na nossa casa passa um rio no meio
e o nosso leito pode ser o mar
A NOSSA CASA É ONDE A GENTE ESTÁ
A NOSSA CASA É EM TODO LUGAR
a nossa casa é de carne e osso
não precisa esforço para namorar
a nossa casa não é sua nem minha
não tem campainha pra nos visitar
a nossa casa tem varanda dentro
tem um pé de vento para respirar
A NOSSA CASA É ONDE A GENTE ESTÁ
A NOSSA CASA É EM TODO LUGAR"
(arnaldo antunes)

Robson Henriques said...

Pat,

Somos iguais em desgraça.
Quanto mais buscamos a linha do horizonte, mais ela se revela fora do alcance dos sonhos.

Encontro algum consolo no desenlace de Siddartha, do Hermann Hesse.
O caminhar é o meu destino final.
Posso transitar pelas duas margens.
Mas pertenço ao trajeto.
Rumo à terceira margem do rio.

Beijos

Vivências & Experiências said...

Foi bom te ler, foi bacana voce compartilhar com os seus leitores essa sua desconstrução, vi muito de mim nesse texto, obrigado!

Fica com Deus.

Alexandre Lucas said...

Faltaram-me as palavras.

José Humberto Ribeiro said...

Existencialismo puro! Um permanente estranhamento... Gostei muito do seu texto. Bjs

Lembrei-me de algo que publiquei um dia:

http://humbertopassaro.blogspot.com/2009/02/paria-e-planicie.html