Monday, September 13, 2010

A caminho de Moçambique

Em breve estarei lá: Mama África. Durante muito tempo eu sonhei com essa viagem, que para mim é uma volta. Um retorno sem nunca ter ido, e também sem nunca ter saído. Explico: algo meu tem a sensação de pertencimento a este continente. E mesmo sem jamais ter colocado os pés na África, tenho a impressão de que nunca a deixei. Uma vez perguntaram ao Osho como ele poderia falar do feminino sem nunca ter sido mulher e ele respondeu: mas eu já fui, várias vezes, em outras encarnações. É exatamente assim que me sinto, eu já fui de lá. Eu já vivi lá. E sem nenhuma comprovação racional, da qual eu realmente nem preciso, a minha alma vive essa conexão inexplicável. Eu até poderia dizer que essa relação é óbvia, afinal, eu vim da Bahia. Mas para mim ocorre exatamente o inverso, eu nasci na Bahia porque eu já tinha um vínculo espiritual com a África. Ou alguém pode até alegar que este tipo de "referência" seja algo comum, uma vez que, em última instância, todos nós temos uma ligação com o berço da espécie humana. Pode ser. Seja lá qual for o motivo, para mim, este nexo "é". Curiosamente, não fui atrás desta viagem. Ela veio a mim. Há poucos meses, uma pessoa me ligou e perguntou, assim, sem mais nem menos, se eu queria dar uma palestra em Moçambique. Eu nem sabia do que se tratava. Aceitei. Reconheci o destino. Maktub. Agora, a poucos dias da minha ida, eu nada pesquisei. E nem tive vontade. Eu não vou em busca de nenhuma experiência específica. Nenhuma paisagem, nenhum culto, nenhum conhecimento. Nenhum som, comida ou cor. Eu vou com a doce tranqüilidade de quem retorna à casa.

2 comments:

mitsukosartori said...

Então só te resta aproveitar bem esse colo da mãe-Africa.
Bjão

arosaquefala said...

matrix-matriz- a Bahia é filial.
Boa viagem amiga. Mas nos falamos antes disso, pleaaase!