Thursday, September 16, 2010

Imperfeição


Fui dormir pensando: tá tudo errado. Eu tô errada. Você tá errado. Quantos erros entre nós, meu Deus! Mas, de um dia para o outro – e uma noite no meio – algo totalmente novo aconteceu. Uma coisa diferente. Sim. Uma mágica qualquer. Uma alquimia sem nome. Do nada, sem mais nem menos, despertei e comecei a me dar bem com aquilo que eu tanto abominava. Absorvi aquela palavra que antes não podia ser pronunciada: im-per-fei-ção. É, naquela manhã, foi distinto. Eu acordei. Desnudada. E, sem mais nem menos, descobri que estava completamente apaixonada por seus defeitos. E neste momento - transcendente, eu te digo - eu me senti libertada da minha ridícula teoria. Não sei como, mas percebi que eu adorava os seus pecados, tanto quanto eu era gentil com os meus. Eu vi a beleza das suas falhas e como elas são condescendentes com as minhas. Neste instante único, tive uma vontade danada de tocar você.  De abraçar as suas contradições. De dar colo para a minha própria insensatez. Era um desejo enlouquecido de aceitar as suas incongruências e disparatadamente entender as minhas banais incoerências. Foi tudo tão leve. Queria te ver. Precisava te contar, tal era o ineditismo deste acontecimento. Falar de forma desatinada e escutar a sua voz. Ouvir a sua perplexidade. Porém, de súbito, o contar me pareceu tão desnecessário. A mansidão da realidade era maior.  Levantei e troquei de roupa. Tomei café. Feliz. Numa sabedoria sem rumo. Na qual tudo podia esperar. Sem perdas.

1 comment:

CRIS said...

Lindo...
Fazer as pazes com a imperfeição é ficar de bem com o mundo! beijos minha querida!