Wednesday, March 16, 2011

Rapunzel

Você me diz: eu te amo. Eu lhe digo: lave a sua boca. Quem não ama a si próprio, jamais poderá me amar.  E nem amar ninguém. Quem não é inteiro, vampiro se torna. No fundo, a única coisa que você sabe que quer é que eu lhe queira. Eu já avisei: os domados não me interessam mais. Cansei de ser troféu. Aos livres, eu me entrego em silêncio e a minha nudez será recompensada, pois o vínculo incondicional é a única possibilidade que alimenta. Sendo assim, eu lhe peço: nem perca a sua lábia comigo. Escape agora, antes que o apego à conquista lhe escravize e, mesmo sem amor, você fique grudado em mim. Fique colado ao imenso desafio do inatingível, à obsessão de me seduzir.

4 comments:

Unknown said...

Impressionante. Lindo texto! Como seria bom se as mulheres em geral pensassem como você e qusissem homens livres. Li ontem no vôo para Maceió "A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água". Duas observações: o livro não se trata da história de cachaceiro, mas, de um homem que lutou pela sua liberdade roubada pela mulher e filha. A outra observação é minha identificação natural pelo personagem: já nao bastasse o amor à vida simples, aos amigos sinceros etc. Ele se chamava Joaquim Soares da Cunha e o meu nome é Vitor da Cunha Silveira. A familia Cunha é minha raiz bahiana. Meu avo, primos e tios na Bahia são todos Cunhas. E ele diz que no livro, e por isso "morre" no mar, que era um marinheiro que nunca foi de fato. Esta no DNA, mas a vida nao deixou que desenvolvesse isso. Tem metáfora melhor para liberdade do que isso? Em tempo: um dos maiores navegadores portugueses se chamou Tristao da Cunha. Temos água salgada nas veias!

untitled said...

Adorei! Fiquei com vontade de ler o livro. E as “coincidências” entre a gente continuam: o meu nome do meio também é Cunha. Cheiro de maresia para você!
E viva a nossa liberdade de SER!

V.Cruz said...

Magnifico!! estaremos nos em sintonia? Escrevi algo muiiito parecido, do meu jeito é claro, mesmo sentido...vai la em entre sem bater q verá...rs
Ameiiii, como tudo que voce escreve!!
Beijoss

Alexandre Lucas said...

"Quieto, muito quieto é que a gente chama o amor: como em quieto as coisas chamam a gente", escreve Guimarães Rosa em "Grande Sertão: Veredas".