Quando eu voltei de viagem e abri
a porta do nosso apartamento, sabia que você tinha me abandonado. Do aeroporto,
já imaginei. A caminho de casa, liguei no seu celular, mas diferentemente do
que sempre ocorria, você não atendeu. Chamou várias vezes e você não respondeu.
Pensei: ela saiu de casa. O Gabriel Garcia Marques teria afirmado: crônica de
uma morte anunciada. Eu apenas torci para que a realidade não imitasse a ficção.
Chegando no prédio, imediatamente subi o elevador, entrei na sala, deixei a
mala, fui até o quarto. Tudo parecia igual. Abri o armário e constatei: as suas
roupas não estavam mais lá. Peguei o celular e lhe liguei de novo. Tocou várias
vezes, mas você não atendeu. Senti uma culpa, a culpa que todos os homens
sentem mesmo sem saber o que fizeram de
errado. Ou uma culpa por tudo o que eu havia feito de errado, mesmo sem
saber porquê. Não sabia distinguir direito. Liguei no seu celular mais uma vez,
sabendo, de antemão, que você não iria atender. Eu conhecia você, determinada,
para o bem e para o mal. Olhei ao redor do quarto, olhei a cama, vi a aliança.
Não sabia direito o que pensar. Queria falar com você, ouvir a sua voz. Liguei
de novo. Nenhum retorno. Fui tomar um banho. Depois, ainda de toalha, comecei a
procurar pelo apartamento um bilhete seu, uma explicação, nem que fosse mínima.
Não encontrei. Lembrei das suas palavras no dia em que eu fui viajar: “quando
você voltar, eu não estarei mais aqui”. Você tem muita coragem. O que eu tenho
para lhe dizer? Não sei exatamente. Que a nossa separação foi devastadora para
mim. Acredito que você fez tudo de caso pensando.
Sunday, May 20, 2012
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