Você tem razão: eu menti pra
você. Menti quando disse que lhe amava, pois eu nunca lhe amei. Nunca! Era um
apego, um vício, uma patologia. Uma paixão? Tudo menos amor. Porque amor de
verdade, por você, eu não me lembro de ter sentido. Nem por outro. Será que por
mim? Por você sabe-se lá o que eu sentia. Se sentia. Pensava o tempo todo.
Pensava demais sobre tantas coisas. O medo faz a gente pensar. Se é para buscar
um bode-expiatório para todos os erros que cometi na vida, aponto: o medo. Pânico
de você me deixar. De eu não ser tudo aquilo que você havia projetado. Peso.
Minha garganta sufocava. Minha rinite piorava. Eu precisava de ar. Por isso,
bati a porta. Por isso, quando você chegou, eu não estava mais lá. Assim, sem
mais nem menos. Dizem que eu fui má, que eu lhe larguei sem aviso prévio. Podem
falar o que quiser, que eu sou falsa, louca, imatura, que eu vivo na fantasia.
Possível. Agora, má, jamais! Pois fique você sabendo que sair de um casamento
de doze anos sem deixar ao menos um bilhete não foi crueldade, foi o ato de uma
pessoa criativa. Eu desejava um drama. Eu queria que o nosso término tivesse
flashes cinematográficos. Pode ser até patético, mas assumo que esse tipo de pensamento vem à minha mente nos
momentos mais cruciais: deixe a aliança em cima da cama, sem nenhuma
explicação. Quem sabe, um dia, isso dará uma história para um filme, uma
música, um poema de amor.
Friday, May 18, 2012
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