Saturday, June 30, 2012

União


Pois é, Jodorowsky, você sabe das coisas. Quando a gente avista o topo dá uma vontade danada de chegar logo, de apressar o passo, de correr. Pura ansiedade inútil. A essa altura, neste frio, neste ar rarefeito, cadê perna? Cadê respiração? E a cabeça? Ai, como essa cabeça pesa. Vira chumbo. E quanto mais perto está o cume, mais vagaroso caminha o corpo. Mais a gente para, descansa, suspira. Puxa a respiração lá do ventre e continua lentamente. De tempos em tempos, vem o peso nefasto de um pouco que é muito. Falta menos do que já faltou, mas esse mínimo exige, exaure, extenua. É, mas agora não tem mais jeito. O topo foi visto. A partir deste instante, eu posso até morrer de frio, de falta de ar, de exaustão, mas desistir... ah, isso não. Você, Jodorowsky, que chegou até aqui sabe que renunciar ao zênite neste ponto da escalada está completamente fora de cogitação.

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