Nunca tive uma relação estreita com o Japão. Para começar, na Bahia você praticamente não encontra com japoneses. Tive a sorte de conhecer o primeiro nissei quando estava na faculdade de Administração. Digo sorte porque muitos baianos passam a vida inteira sem conhecer nenhum japonês. Na época, ele tentou me ensinar algumas técnicas de meditação - que eu só prestava atenção por gentileza - e me presenteou com o livro I-Ching, que eu achava que era coisa de japonês, tão ignorante era a respeito. Do I-Ching sempre gostei; consultei o oráculo com frequência por vários anos. Da cultura japonesa continuei mantendo certa distância, principalmente depois que li Favela High-Tec. O máximo que fazia era apreciar a culinária e ter contato com alguns nisseis ou sanseis que são mais paulistas ou baianos do que eu. Sentia que o Japão estava literalmente muito longe. Basicamente era assim. Bem, nunca imaginei que faria isso, mas hoje estou escrevendo este post para registrar a minha gratidão a dois japoneses que se aproximaram de mim este ano. O primeiro, o Haruki Murakami que me tranqüilizou mostrando que a minha caminhada espiritual não era uma loucura ou escapismo da minha cabeça. Ler Kafka à Beira Mar e 1Q84, me deixou confiante para continuar a minha jornada, apesar dos tantos desvios, solidão e cansaço. O segundo, o Kurosawa, que descreveu de forma esplendorosa a experiência que tive no Vale do Capão, quando o terceiro olho se abriu por alguns minutos ou horas, não sei. Quando vi essa cena em Sonhos, senti um calor quente no coração e tive uma sensação de alívio por não estar completamente só nesta aventura existencial. Por fim, na terça passada, quando finalmente o astro-rei veio às 6:33, entendi porque só agora estou pronta para reverenciar o Japão. Obrigada, Terra do Sol Nascente. O meu feminino agradece a chegada do meu masculino.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment