Sunday, December 01, 2013

Síntese



A sociedade me enganou, mas agora eu sei a verdade. Não sou índia, branca, parda. Preta, preta sim. Útero. Sim. Mulher. Eu sou o próprio buraco negro. É neste lugar que eu respiro. Freud, você tinha razão: é necessário um esforço psíquico imenso para transformar uma menina em mulher. Simone, sua linda, você tinha – claro! – razão: não se nasce mulher: torna-se. Disseram estudante, professora, jornalista, executiva, pseudo psicóloga, filha, esposa, bonita, feia, sábia, idiota, anjo, puta, bruxa, musa. Partes. Inteiro em mim só mesmo eu, mulher. Isso basta. E para aquelas pessoas que ainda não entenderam a força do nome mulher, nenhuma palavra outra será suficiente. Agora que sei quem sou, vou deixar essas tantas máscaras de lado e apenas respirar o silêncio. E quando todas as células do meu corpo estiverem vibrando o vazio, volto a brincar de teatro.

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