Friday, May 21, 2010

Cadê o botão?

Há uns dois anos, impulsionada pelas trombadas da vida e inspirada pela frase "make new mistakes", resolvi, de forma consciente, que queria evitar os erros clichês. Como diz um amigo, aqueles que a gente já conhece, mas cai de novo. Pensei: sou uma pessoa determinada. Vou atrás disso. Chega de repetir os mesmos erros. Cansei de apanhar por minha própria falta de sensibilidade para enxergar o óbvio. Fácil dizer. Difícil fazer. A primeira conclusão evidente que cheguei foi: errar é humano. Repetir o erro é condicionamento. E mudar um condicionamento (ou vários) que carregamos ao longo de muitos anos é uma coisa bem difícil. Coloca difícil nisso. Tão difícil, que começa pelo fato de que nem sabemos que se trata de um padrão fixo. E mesmo quando descobrimos o motivo da repetição, não mudamos. Porque, na maioria das vezes, entendemos a causa através do racional, dos pensamentos, da mente. Entretanto, a teoria na prática é outra. Ah, bem outra. Lindo seria apertar um botão e descondicionar. É que no mundo utilitário de hoje às vezes temos esta impressão: é só apertar o botão de ligar e desligar. Pegar o controle remoto e mudar de canal. Para máquina isso funciona que é uma maravilha. Para mim que sou humana e limitada, cheia de imperfeições e contradições, constato que nem botão existe para apertar. Pelo menos, ainda não me apresentaram nenhum botão que sirva para "descondicionar". Dois anos depois, sou obrigada a admitir: ainda falta muito chão. Sabe quando você acredita que percebeu tudo, e de repente, se vê fazendo as mesmas coisas e cometendo os mesmos erros? É foguete! Descobri que isso acontece porque o truque da vida é o seguinte: o tempo é outro, o cenário é outro, as pessoas são outras. Só eu sou a mesma, mesmo sendo diferente. E advinha? Fiz tudo exatamente dentro do meu bom e velho condicionamento. É aquela história: a Kombi bateu no muro de novo. O muro pode ser de outro material, de outra cor, estar posicionado em outro lugar. Mas a minha Kombi, ano 69, bateu porque eu ainda não aprendi como desviar do muro. Já tentei algumas estratégias, como, por exemplo, deixar a Kombi estacionada. Simplesmente dar um tempo. Tão logo eu resolvi pegar a Kombi, advinha? Lá estava ele, o muro. Também já tentei bater um papo com os muros. Mas os muros são os muros, eles seguem fazendo o que é de sua natureza. Descobri que a minha mente é craque em tentar burlar a situação. Ela cria soluções incríveis, do tipo: que tal escapar, fugir, mudar de trajeto? As soluções parecem bem lógicas. Mas, nem preciso dizer, que os meus condicionamentos desconhecem completamente essa lógica racional. Sabe por quê? Porque eles só consideram, única e exclusivamente, os meus medos, que de lógicos e racionais não possuem nada. Pois é. Dois anos depois, e eu aqui. Tentando apenas aceitar que o que eu realmente preciso fazer é enfrentar os meus medos. Como diz o sábio Guimarães: "A única coisa que ela (a vida) pede da gente é coragem". Vamos a eles, os medos! Quem sabe assim, tenho a chance de cometer erros novos. E, da próxima vez, ao invés de bater no muro, oxalá eu bata num poste.

1 comment:

Alexandre Lucas said...

Cada coisa, feliz ou infelizmente, tem seu tempo...