Thursday, October 21, 2010

Entrevista com Gilles Lipovetsky

Sim, o capitalismo já engoliu tudo, mas ele nunca será capaz de valorar o sentimento, de dizer quanto vale um beijo, de pasteurizar o amor, de impedir a Verdade. Por isso, acredito firmemente que aí reside a nossa única brecha: no coração.  Gostei muito desta entrevista com o filósofo Gilles Lipovetsky que recebi do meu amigo Atus.


Terra Magazine: O amor é, segundo você, uma das poucas coisas ainda não absorvidas pela mercantilização.

Gilles Lipovetsky:  Mas há uma mercantilização, mas há uma busca pela autenticidade. A questão é que a autenticidade hoje é móvel. Mas ela é verdadeira enquanto a vivemos. Há vários limites para a mercantilização. Um deles são os sentimentos, o valor amoroso. Outro limite são os valores éticos. E, por último, a verdade. Há um certo número de princípios que dá um termo à lógica da mercantilização e que faz com que tudo não seja espetáculo, show ou equivalente entre si. Isso é que permite a crítica da sociedade e também a fazê-la mudar. Há tensões, energias, potenciais que permitem imaginar críticas, correções. E será necessário fazer essas correções. Estou convencido de que as coisas um dia mudarão, mas não logo. Uma cultura que dá mais peso às grifes e ao consumo do que à criação não é algo normal. Há um desequilíbrio. Um dias as coisas vão mudar. E é a educação que deverá fazer isso. As coisas devem ser relativizadas. E para isso é preciso ter outros objetivos na vida. Mas isso não é o consumo nem a crítica do consumo que vai fazer.

Entrevista na íntegra aqui.

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