Eu digo: eu quero sentir o sentir. Belo discurso. Quando a dor vem, eu mudo de idéia. Já não quero sentir mais. Porque quando sinto no meu corpo as pessoas gargalhando de mim, eu paro de respirar. Sou tomada por vergonha, raiva, aflição. Esses sentimentos não! Esses não! Não quero sentir. Paraliso, analiso, questiono. Reflito: como fugir? E, enquanto todos riem da minha cara, os pensamentos pipocam na minha cabeça. Pergunto: por que eu? Internamente um só comando: vocês que estão debochando de mim, parem de me afetar dessa forma! Eu me recuso a passar por essas sensações. Ouviram? Eu quero aplausos. Não foi esse sentimento que eu planejei. Não era isso que eu queria quando falei que queria sentir. Entenderam? Vocês são todos idiotas e eu não vou mais me expor desse jeito. Eu vou para outro lugar, outro momento, outro público. Lá onde deve existir o sentimento que eu fantasiei. Lá onde deve existir os momentos que eu idealizei. Lá. Com certeza lá. Porque aqui os sentimentos que acontecem não servem. Aqui eu não quero sentir. Só lá.
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