Estou tratando de ser quem eu
sou com todas as minhas forças. Apenas isso.
Saturday, June 30, 2012
Saindo da Matrix
Toda essa jornada espiritual possui um único propósito: sair do labirinto das ilusões.
União
Pois é, Jodorowsky, você sabe das coisas. Quando a gente
avista o topo dá uma vontade danada de chegar logo, de apressar o passo, de
correr. Pura ansiedade inútil. A essa altura, neste frio, neste ar rarefeito, cadê perna? Cadê respiração? E a cabeça? Ai, como essa cabeça pesa.
Vira chumbo. E quanto mais perto está o cume, mais vagaroso caminha o corpo.
Mais a gente para, descansa, suspira. Puxa a respiração lá do ventre e continua
lentamente. De tempos em tempos, vem o peso nefasto de um pouco que é muito.
Falta menos do que já faltou, mas esse mínimo exige, exaure, extenua. É, mas agora não tem
mais jeito. O topo foi visto. A partir deste instante, eu posso até morrer de
frio, de falta de ar, de exaustão, mas desistir... ah, isso não. Você, Jodorowsky, que chegou até aqui sabe que renunciar ao zênite neste ponto da escalada está completamente fora de cogitação.
Friday, June 29, 2012
YIN
Você até quer me esquecer, mas não dá. Porque agora você já avistou o topo e o topo é aonde você quer chegar.
Tuesday, June 26, 2012
A Montanha é Sagrada
Ontem, depois de assistir ao filme The Holy Mountain, do Alejandro Jodorowski, lembrei da minha viagem, há dez anos atrás, ao Nepal, quando fiz um trekking, de dez dias, na Cordilheira do Himalaia. Na
época, eu nem acreditava em Deus e, muito menos, em espiritualidade. Quando, logo no início do percurso, alguém comentou comigo que iríamos caminhar na Montanha Sagrada,
ignorei. Sagrada? Onde? Muito pelo contrário. A cada passo que eu dava, aquele lugar ia se tornando cada vez mais concreto. Durante o percurso, as minhas questões eram concretas: dormir na barraca a
sete graus negativos com um sleeping bag furado, acordar várias vezes no meio
da noite e da neve com uma vontade inevitável de fazer xixi, ficar dias seguidos sem chuveiro, melhor, sem tomar banho, as dores de barriga e de cabeça repentinas. Era tudo muito direto e reto. O que eu sentia, sentia na carne: o peso cada vez pior da minha mochila, as intermináveis subidas, o suor insuportável do dia, o frio gélido da noite. Por mais que eu tentasse achar lindo, a minha mente não contemplava, só me atazanava: “desista, sua idiota, o que é que você
veio fazer aqui?” Era tudo sólido demais para ter visões. E quanto mais eu
subia, mais rarefeito o ar ficava. Mais difícil cada passo. Mais extenso cada
metro. Alguém desligou o oxigênio, foi isso? Essa história de apreciar o caminho, bem, não foi pra mim. Passei todos
os dias obcecada por alcançar o cume, que exausta, alcancei. Sim, cheguei. E para a minha surpresa, ainda viva. Parei. Acima de mim, havia a imensidão, embaixo, as nuvens. No telhado do mundo, nem pensei muito. Acho
que nem pensar, pensei. Fiquei tranqüila, isso sim. Silenciada. A cinco mil
metros de altura enxerguei. Vi que alguém havia escolhido aquele lugar para colocar
o infinito. Um infinito que, por sua vez, me elegeu. Esse alguém dizia no meu ouvido: "não existe limite". Desci a montanha em êxtase. Quando voltei ao Brasil, já sabia que
alguma coisa teria que mudar. Achava que era mudar de emprego, de vida, de profissão,
de relacionamento, quem sabe até de cidade ou país. Achava que “o outro” me limitava, que eu tinha que mudar. Só muitos anos e muitas mudanças depois foi que entendi que não tinha que alterar, mas sim expandir, expandir a minha conexão. Que conexão? Com o interno? Com o externo? Como disse Jodorowski, com o real. Acabar com as ilusões e aceitar o real. É exatamente isso. E se você está se perguntando agora, o que é real, se o real é a vida cotidiana, a natureza, o primitivo, a nossa essência, as inúmeras oportunidades que temos na vida, respondo: assista A Montanha Sagrada. E se, ao assistir ao filme, você não entender nada, absolutamente nada, lhe digo: expanda a sua conexão. Só isso, expanda a sua conexão com o que, de fato, é real.
What have you lost?
Hoje foi o dia em que matei dois coelhos,
diferentes, mas iguais - a sombra e a idealização. Para isso, uma só cajadada serviu, a que destruiu as ilusões
sobre mim mesma e me abriu a possibilidade de ser real.
Tatuagem
Cheguei a uma conclusão óbvia: o universo cabe inteiro na
minha tatuagem. E se outros universos existirem, eles também caberão.
Quem se atreve?
Cometer suicídio, ressuscitar e reencarnar numa só vida é
para poucos. Não os loucos. Os heróis.
Coragem
Talvez uma das passagens mais difíceis da caminhada espiritual seja o da
castração. Se você chegou neste momento, se você teve coragem de furar os próprios olhos e
cometer suicídio, pode ter certeza de que a você será concedido o mesmo título que
foi dado a Édipo: herói. Caso contrário, mesmo tendo desvendado o enigma da Esfinge, você apenas continuará vagando em círculos, perdido no labirinto das ilusões.
A Montanha é Mágica
Você tem toda razão, Jodorowski: o feminino navega sozinho no mar,
apenas na companhia de seu instinto selvagem. E quando ao pé da montanha chega,
escala até o topo, sem nada e sem ninguém, de mãos dadas somente com o seu gorila interno, Ismael.
Monday, June 25, 2012
Entrega
Eu sei o quanto lhe custa dizer o que você me disse ontem.
Eu sei. Mas o que me irrita é você ir andando como se você não tivesse me
dito nada. Como se aquelas palavras não tivessem saído da sua boca e entrado na minha língua.
É f**a!
O meu encontro com você não só me dá a certeza de que você
não mudou, como me deixa na dúvida se eu mudei. Na real, você
continuar com os mesmos condicionamentos anacrônicos pouco ou nada me importa. Mas eu continuar com as velhas repetições, ah, isso realmente me desespera.
Sobre separações
Olha só, o sádico e o masoquista vivem grudados. Casal
eterno. Dois sádicos é que não conseguem conviver sob o mesmo teto. Estes sim,
se separam. Daí conclui-se o óbvio: nem venha me dizer que eu sou a sádica da história e você o masoquista. De vítima você não tem nada. Se assim fosse, ainda estaríamos juntos e bem obrigado. Também podemos chegar a outra conclusão: se você achar uma masoquista, a sua relação estará garantida até que a morte os separe. Quanto a mim, você já sabe: chega de jogo de poder.
Sunday, June 24, 2012
Abaixo as projeções
Sucesso para mim é aceitar as pessoas como elas são.
Enquanto eu não conseguir amar o outro pelo que ele é, vou continuar me sentindo uma fracassada.
Saturday, June 16, 2012
Júbilo
Meritória me sinto por ter sido por ti tocada, Dionísio. E onde
antes pedra, agora corpo. Fluxo divino. Vinha vitoriosa.
Santa carne
Medusa punida. Dionísio celebrado. Agora sim foi concedido a
mim o prazer de viver sem culpas.
Thursday, June 07, 2012
É verdade, tu existes!
Daimon, que encontro encantador esse o nosso! Belo e feio és. Falo oculto, vulva aparente. Pura fascinação.
Aviso Geral
Em breve, deixarei de alternar os papéis de Peter Pan, Wendy
e Sininho, já que a partir de julho, irei assumir o lugar do J.M. Barrie, autor
da história.
Tuesday, June 05, 2012
Carma
Ontem nós demos um passo gigantesco na direção do óbvio: você
Adão, eu Eva. E o nosso carma foi finalmente cumprido na Terra. Demorou, mas agora não precisamos provar mais nada para ninguém. Você, homem, eu, mulher. Estamos livres.
Sunday, June 03, 2012
De Sininho para Peter Pan
Se eu não lhe matasse, eu jamais sairia da Terra do Nunca. Não
que eu quisesse que você morresse, entenda bem, eu não. Muito pelo contrário, estava completamente disposta a tudo para que você
continuasse vivo. O que eu desejava mesmo era ficar com você, lhe abraçar. Mas sabe como é, existem os desígnios inquestionáveis do
universo. Eles me deixaram sem saída. Fui sumariamente ordenada a materializar o inimaginável. Juro de pés juntos, que foi sob o mando deles que eu, na calada da noite, sem você esperar, lhe esquartejei.
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