Monday, July 30, 2012

Livre


As algemas, mesmo as de ouro, aprisionam o pulso, impedem o im-pulso e atravancam a puls-ação. Sendo assim, eu te pergunto: você continua usando algemas por quê?

Sunday, July 29, 2012

Minha própria voz


Cansei de reproduzir a história dos outros. Agora quero criar a minha.

Thursday, July 26, 2012

Totem e Tabu


Por mais força que você tenha, agora você descobriu que você também está submetido às leis do universo. A você não cabe planejar, apenas viver os desígnios dos deuses.

Sunday, July 22, 2012

Bruxa


Pare de me olhar. Pare! Porque o olhar de todos aqueles que têm uma expectativa sobre mim me sufoca.

Encarando os fatos


Não escreva o que eu digo, nem grave as coisas que eu escrevo. É só um momento. Uma bobagem que me atravessa e passa. Uma forma de canalizar a minha loucura. No fundo, eu sou como você, conformista, regular, medíocre. 

No mundo de hoje, dormir é uma subversão.


Quando eu durmo, eu sonho. Isso é um problema. Juro! No mundo pseudo produtivo de hoje isso é um problema: dormir e sonhar. Eles dizem acorde e eu continuo nesta ilusão, dormindo e sonhando. Condenada a ser condenada. Numa rede, numa cama, numa utopia. Numa realidade invisível que ninguém vê.

Transitória


Eu continuo dizendo a você e a todos aqueles que possuem o mínimo de juízo: me esqueçam. Porque a vida é efêmera demais para ser lembrada. 

Amor


Se eu fosse você, eu sentiria o mesmo que você sente por mim: uma dúvida. Uma leitura sem conclusão. Um contínuo. Um processso sem final. Um sentimento de medo. Uma ânsia de querer saber o que não se sabe o que é ainda. Uma vontade de possuir o que não pode ser capturado.

Vida


Eu lhe quero previsível e você me pergunta: como?

É.


Na minha boca, o seu desejo.

Assim como eu, você.


O que nos une me sufoca. Um desamparo. Um grito sem voz. Um sentimento racional. Um pecoço que comanda a direção. Uma promessa que não vem.

Sem fundo


No prato dos que imploram uma voz continua dizendo: não. 

Sem tirar nem por


Todos os meus pecados e culpas serão queimados numa fogueira até que os anjos digam amém. Até que você diga: te amo. Até que você olhe nos meus olhos e diga: não importa o que você faça, quem você seja, eu te amo.

Wednesday, July 18, 2012

Entrega


A minha respiração respira por mim. Ê delícia. Totalmente submetida ao ritmo do meu corpo.

Tuesday, July 17, 2012

PsiqueEros


Musa e Herói, uma só e mesma pessoa. Enfim.

Ou você muda, ou você muda


Eu já perdi as contas de quantas mudanças fiz na minha vida e o universo continua me dizendo: respire fundo que ainda tem mais. Ultimamente o meu único desejo é o de me estabilizar um pouco, mas eles não deixam. O pior é que nem questionar eu posso. Danou-se!

Monday, July 16, 2012

Esconderijo


Por que as pessoas sentem uma coisa e demonstram outra?

Eu quero ser uma velha


Num mundo onde todos querem ser jovens eternamente, recuso-me a beber da imortalidade que escraviza. Prefiro envelhecer livre.

Homem-Sombra


Eu jamais poderia imaginar que ter me submetido a você, homem-sombra, me prepararia para o meu encontro com Mefisto. Muito lhe agradeço, pois quando ele chegou, confesso que até me surpreendeu, mas, graças a experiência que tive com você, consegui encará-lo com toda a dignidade que cabe ao meu ser imperfeito e limitado. Tranqüilamente neguei a proposta de pacto de imortalidade que ele me fez. Sem titubear, me posicionei claramente: prefiro ser humana.

Mefisto, você é uma marionete


Eu que pensava que não iria me surpreender com mais nada nesta vida, agora preciso admitir: Mefisto, a sua aparição me surpreendeu. Não me desestabilizou. Isso não. Porém me deixou estupefata. Goethe tinha razão, você existe mesmo. Quanto ao pacto, pode tirar o seu cavalinho da chuva. Jamais venderei a minha alma, nem a você e nem a ninguém. Através do nosso encontro, descobri que prefiro ser humana e digna do que ser imortal e submissa. Ao universo me submeto, a você, não. 

Obrigada, Jung


Jung, como me acalenta saber que você e outras pessoas já passaram por essa jornada antes. Não sei o que faria sem os seus ensinamentos.

“O diabo é a soma da escuridão da natureza humana. Aquele que vive na luz se esforça para ser a imagem de Deus; aquele que vive na escuridão se esforça para ser a imagem do diabo. Pelo fato de eu querer viver na luz, o sol desapareceu pra mim quando eu toquei as profundezas. Era escuro e aquilo parecia uma serpente.

Uni-me com aquilo e não o subjuguei. Tomei pra mim a parte da humilhação e subjugação, e assim incorporei a natureza da serpente. Se eu não tivesse me tornado como a serpente, o diabo, a quintessência de tudo que é ‘serpenticice’, teria mantido esse poder sobre mim. Isso teria dado ao diabo meu pulso e ele teria me forçado a fazer um pacto com ele, da mesma maneira como ele astuciosamente enganou Fausto. Mas me antecipei a ele me unido com a serpente, assim como um homem se une a uma mulher.

Então tirei do diabo a possibilidade da influência, que só pode passar através da própria ‘serpenticidade’ de nós mesmos, e que nós frequentemente relegamos ao diabo ao invés do próprio Mefistófeles ser Satã, tomado com minha ‘serpenticidade’. O Satã é a própria quintessência do mal, nu e por isso sem sedução, sem nem mesmo esperteza, mas pura negação sem força de convencimento. Assim eu resisti à sua influência destrutiva, peguei-o e segurei-o firme. Seus descendentes me serviram e eu os sacrifiquei com a espada.

E assim construí uma estrutura firme. Através dela ganhei estabilidade e longevidade e pude suportar as flutuações do pessoal. E então o imortal em mim está salvo. Atraindo a escuridão do meu outro mundo para dentro do dia, esvaziei meu outro mundo. Assim as exigências dos mortos desapareceram, assim que foram sendo satisfeitas.

Não sou mais ameaçado pelos mortos, desde que aceitei suas exigências e assim aceitei a serpente. Mas por causa disso também botei algo dos mortos no meu dia. Mas foi necessário, uma vez que a morte é a coisa mais duradoura de todas, aquilo que não pode nunca ser cancelado. A morte me dá durabilidade e solidez. Todo o tempo que quis satisfazer somente minhas próprias vontades, eu era pessoal e por isso vivia no senso do mundo. Mas quando reconheci as exigências dos mortos em mim e as satisfiz, entreguei meus esforços pessoais anteriores e o mundo teve que me aceitar como um homem morto. Um enorme frio vem para aqueles que no excesso de seus esforços pessoais reconheceram as exigências dos mortos e buscam satisfazê-las.

Enquanto ele se sente como se um veneno misterioso tivesse paralizado a qualidade de vida de suas relações pessoais, as vozes dos mortos permanecem silenciosas no seu outro mundo; a ameaça, o medo, e a ansiedade cessam. Tudo o que anteriormente aparecia faminto nele não mais vivia nele no seu dia. Sua vida é maravilhosa e rica, já que ele é ele mesmo. Mas aquele que sempre só quer a graça dos outros é feio, porque ele mutila a si mesmo. Um assassino é aquele que quer forçar os outros à bem-aventurança, uma vez que ele mata seu próprio crescimento. Um tolo é aquele que extermina seu amor por causa do amor. Esse é pessoal para o outro. Seu outro mundo é cinza e impessoal. Ele se força sobre os outros, e por isso é amaldiçoado a forçar ele mesmo sobre ele mesmo em um nada frio. Aquele que reconheceu as exigências dos mortos baniram sua feiúra do outro mundo. Ele não se impõe forçosamente sobre ninguém, e vive sozinho na beleza e fala com os mortos. Mas chega o dia quando as demandas dos mortos também são satisfeitas.

Se então perseveramos na solidão, a beleza se apaga para dentro do outro mundo e a terra perdida aparece nesse lado. Uma fase negra aparece depois da branca, e Paraíso e Inferno estão pra sempre lá.” Carl Jung, Livro Vermelho

Sunday, July 15, 2012

Para aqueles que sabem exatamente como o mundo deveria ser


O seu calcanhar de Aquiles, o meu: a auto-exigência. Exauridos, vagamos. Insatisfeitos, vivemos. Das mais altas expectativas somos dragados até as mais profundas desilusões. Idealizando, projetando, fantasiando. Cobrando, cobrando, cobrando. Sem cessar, demandando de nós mesmos, dos outros e da humanidade evoluções. Aos idealistas-tiranos, frustrações. Sim, isso é o que nós, escravos da perfeição e do ideal,  obteremos: longas e paralisantes decepções. Para nós que sabemos (sabemos?) como tudo e todos deveriam ser, uma vaia completa.

Thursday, July 12, 2012

Eixo


Não importa quantas opções eu tenha, a minha escolha será sempre: eu sou.

Brasinha


É claro que na saída do inferno, eu teria que dar de cara com você. Ingenuidade a minha achar que eu seria poupada do seu tridente.

Monday, July 09, 2012

No ventre da baleia


Hoje eu posso dizer a mim mesma: vencedora. Finalmente consegui sair da barriga da baleia. E foi exatamente como na história de Pinóquio, depois do fogo e da fumaça, fui jogada no mar. Lá, as ondas eram tão gigantes que eu pensei que fosse morrer afogada. A sorte é que esse mito já foi vivido diversas e diversas vezes, por inúmeras pessoas, que como eu, conseguiram se salvar. Obrigada, universo. Sobrevivi à luta no limiar do retorno. 

"A baleia simboliza a escuridão abissal e misteriosa, o inconsciente, o local para onde o herói precisa retornar para que seja possível o seu renascimento. No mito do herói, a baleia é um símbolo da Grande -Mãe devoradora em cujo ventre o deus-herói se transforma, e sendo que nesse confronto com a Grande-Mãe, temos o simbolismo de que é o ego do homem que precisava ser transformado. A luta do herói contra a baleia ou qualquer outro monstro marinho se constitui num símbolo da luta pela libertação da consciência do eu das ligações com o inconsciente e a sua salvação se constitui dessa maneira num símbolo da vitória do consciente sobre o inconsciente. A saída do ventre da baleia significa um renascer ou uma ressurreição, tanto que o símbolo da baleia é comum a vários ritos de iniciação. A entrada em seu ventre é análoga a descida ao sub-mundo e a passagem pelo inferno."

Saindo da ilusão


Peter Pan ficou na Terra do Nunca e Pinóquio na Ilha dos Prazeres. Eu? Segui, consciente de que estes dois lugares não são de permanência, só de passagem. 

Sunday, July 08, 2012

No control


Demorou muito, mas finalmente consegui compreender o óbvio do óbvio: a capacidade de confiar no universo, no outro e em si mesmo é proporcional à capacidade de relaxar, de viver sem ansiedade.

Beleza


Após a morte da medusa, uma máscara de porcelana branca foi colocada sobre o meu rosto. Que bela, eu. Será uma nova expressão, identidade, persona? Cisne branco, por favor, fique. Seja meu companheiro.

Saturday, July 07, 2012

"Não há outra entrada para o sujeito real a não ser o fantasma." Lacan




Meu querido fantasma, eu queria tanto ter pulado essa minha experiência com você, mas, pelo jeito,  não dá porque você é o pedágio obrigatório para a minha entrada no real.

Eu sou


Um dia eu ainda vou sentir o meu corpo inteiro vibrando, sem culpas, só prazer. E quando isso acontecer, vou respirar livremente e dizer: eu sabia que isso era possível.

Friday, July 06, 2012

Submissão


"Não há preocupação mais constante e torturante para o homem do que, estando livre, encontrar depressa a quem sujeitar-se. Mas o homem procura sujeitar-se ao que já é irrefutável, e irrefutável a tal ponto que de uma hora para outra todos os homens aceitam uma sujeição universal a isso. Porque a preocupação dessas criaturas deploráveis não consiste apenas em encontrar aquilo a que eu ou outra pessoa deve sujeitar-se, mas em encontrar algo em que todos acreditem e a que se sujeitem, e que sejam forçosamente todos juntos. Pois essa necessidade da convergência na sujeição é o que constitui o tormento principal de cada homem individualmente e de toda a humanidade desde o início dos tempos. (...) Eu te digo que o homem não tem uma preocupação mais angustiante do que encontrar a quem entregar depressa aquela dádiva da liberdade com que esse ser infeliz nasce.” “O Grande Inquisidor“, Dostoiévski

Thursday, July 05, 2012

Assim caminha a humanidade III


Ela: Por que você mente tanto?
Ele: Porque eu quero que você me ame.
Ela: Se você falar a verdade eu não vou te amar? 
Ele: Não. 

Assim caminha a humanidade II


Ela: Eu te amo
Ele: Eu não acredito. 
Ela: Por que?
Ele: Porque ninguém nunca me amou.

Assim caminha a humanidade


Ela: Por que você me manipula?
Ele: Porque se você for livre, eu tenho medo que você me abandone.

Monday, July 02, 2012

Antes do Topo


Já que vocês me jogaram na Era Glacial, o mínimo que espero é descobrir como se produz fogo para poder me manter viva nesta fase da história.