Tuesday, March 19, 2013

O meu rompimento com o Osho


Três semanas atrás, resolvi dar um ponto final no meu relacionamento de quase cinco anos com o Osho. Liguei para ele e tivemos a conversa que reproduzo abaixo.

Pat: Nem sei direito como lhe dizer isso, mas andei pensando e preciso de um tempo. Estou sentindo que a nossa relação está muito desgastada.
Osho: Mas acabamos de voltar do nosso retiro sagrado no Alto Paraíso e tudo parecia tão bem.
Pat: Mais ou menos. Foi intenso demais pra mim. 
Osho: Você ergueu em torno de si a muralha da China. Agora ela está desmoronando. Aceite.
Pat: Esse é o problema. Difícil dialogar com você. Sempre um sutra, uma parábola. Não há namoro que resista. É muita teoria.
Osho: Darling, a nossa energia tântrica está transbordando. Precisamos deixar que ela flua naturalmente através do cosmos.
Pat: É disso que eu estou falando! Não sinto que as coisas estão fluindo entre a genteElas estão desmoronando, que nem o muro de Berlim.
Osho: Você está distorcendo o que eu disse e usando contra mim?
Pat: De jeito nenhum. Eu não sou assim.
Osho: Você é mulher e as mulheres gostam de modificar os fatos a seu favor.
Pat: Mero clichê! E você sabe que nas outras encarnações eu já fui homem...
Osho: Quem é o cara?
Pat: Como assim? 
Osho: Com certeza tem outra pessoa na parada.
Pat: Bem, como você vai acabar descobrindo mesmo, acho melhor eu lhe contar: o Woody.
Osho: Que Woody?
Pat: Allen
Osho: Pensei que esses tipos intelectuais não tivessem mais nada a ver com você.
Pat: Ele me abriu os olhos. Fomos jantar e ele me disse que concorda que a realidade é chata, mas que é o único lugar onde é possível comer uma pizza. Isso me fez refletir.
Osho: Uma pessoa inteligente irá começar a sua busca a partir de seu ser interior e não na pizzaria mais próxima. 
Pat: Oshinho, entenda, entrei numa fase menos introspectiva, mais pragmática. Quero focar no teatro, quem sabe me aventurar no cinema, escrever uns roteiros. O Woody está me incentivando muito.
Osho: Eu esperava qualquer coisa de você, menos que você fosse uma mulher oportunista.
Pat:  Estou apaixonada pelo Woody. É amor.
Osho: Você já transou com ele?
Pat: Não vamos desviar do tema central da conversa.
E pimba! Osho bateu o telefone na minha cara. Balancei a cabeça e me ocorreu uma espécie de iluminação: homem é homem.

Algumas horas depois, o telefone soou de novo. Era ele:

Osho: Estávamos planejando viver juntos na comunidade.
Pat: Muito mais por sua causa. Você sabe que eu não curto ecovilla. Tudo bem que está na moda, mas para mim parece cidade do interior. Todo mundo fica se inteirando da vida de todo mundo.
Osho: Você queria se tornar uma sannyasin, trocar o seu nome para Ashni - a que foi abençoada.
Pat: Então, este era outro assunto que eu já queria conversar com você, mas estava meio sem jeito.  Eu adoro o meu nome. É forte, sonoro. Não pretendo mudar. Sem falar que ninguém entende direito esses nomes indianos, você repete várias vezes e as pessoas continuam franzindo a testa. Acho lindo nos outros, mas sinto que fui abençoada desde me nomearam Patrícia.
Osho: É importante declarar que o  antigo morreu e que aquela que está presente já não é mais a mesma.
Pat: Querido, compreenda, acabou. Foram cinco anos maravilhosos, agradeço por você ter me ajudado a me tornar uma mulher mais madura e consciente. Sei que a nossa separação é difícil para você, mas espero que possamos ser amig...
E, pela segunda vez, ele bateu o telefone na minha cara.

Respirei fundo. É o que já sabemos: na prática, a teoria é outra. Ficar meditando no meio do mato é fácil. Difícil mesmo é meditar em São Paulo, com enchente, semáforo quebrado, na hora do rush. Não resisti e liguei de volta para ele. Assim que atendeu, falei:

Pat: Não tenho mais que agüentar a sua rebeldia! E, em tempo recorde, bati o telefone na cara dele, feliz da vida. Tirei o telefone do gancho, desliguei o celular e fui para o meu quarto, decidida a praticar uma das técnicas de meditação que aprendi ao longo desses anos e que, na minha modesta opinião, é uma das mais eficientes de toda a história da humanidade. Um método simples chamado f**da-se. Como sempre, não exigiu muita concentração e deu um resultado pré-nirvânico.

Depois desse dia, nunca mais tive notícias dele, nem pelo Facebook. Entretanto, a minha intuição feminina me diz  que os seus ensinamentos podem dar um ótimo roteiro para um filme. Agora só preciso convencer o Woody.

2 comments:

arosaquefala said...

Hahaha!
Se Wood incentivar, quero um papel nesse filme!

untitled said...

Pode deixar! Já tô falando com ele ;)