Outro dia, estava meditando e caiu uma ficha: os homens são cuidadores por natureza. Antes que você, que está lendo, comece a concordar ou discordar de mim, gostaria de citar uma frase do Einstein: "Nenhuma pessoa realmente produtiva pensa como se estivesse escrevendo uma dissertação." Eu não pretendo, aqui, apresentar um racional porque cheguei a esta conclusão. Apenas tenho vontade de compartilhar uma compreensão existencial e não de promover um debate acadêmico. Mas a verdade (a minha a partir de agora) é que eles - os homens - são fundamentalmente cuidadores em sua essência. Isto não quer dizer que todos estejam, de fato, cuidando. Talvez alguns estejam embrutecidos, outros cansados ou ainda confusos. Mas no fundo, bem lá no fundo, o que eles querem mesmo é cuidar. Já sei que muita gente vai dizer (aliás, muitas pessoas já estão me dizendo): "ah, não, Pat, cuidar é coisa de mulher". Claro que é. Também é. Não se trata aqui de uma competição de quem cuida mais ou menos. Ou de uma briga territorial: este domínio é seu ou é meu? Todos temos este instinto: o de preservar. E, agora, finalmente (demorou!) percebi que os homens são profundamente cuidadores. Por que eu não enxergava isso antes? Porque eu apenas via o senso comum. Eu não via por trás das aparências. Porque talvez eu tenha sido condicionada para somente ler e entender certos sinais de cuidado e não fui perceptiva o bastante para ver que existem diversas formas e jeitos de cuidar. Porque fui programada para repetições e não para revoluções. Entretanto, de uns tempos para cá, comecei a prestar atenção nos sinais que estão por trás de clichês e rótulos que a sociedade impôs a vários homens (e mulheres!). Também comecei a sacar que muitos homens querem cuidar mas não sabem direito como, afinal o mundo estipulou que isso é coisa de mulher. Há de se considerar também que, muitas vezes, quando as mulheres cuidam, elas não estão cuidando de fato. Elas estão controlando. Melhor, ao invés de generalizar, vou ser honesta: percebi que, várias vezes, quando eu estava querendo cuidar de alguém, lá no fundinho, queria controlar essa pessoa. Horrível isso. O cuidado como uma arma de manipulação. Feio isso. Talvez os homens também acabem controlando quando cuidam. O controle é coisa do ego e não do gênero. Enfim, olho ao meu redor e vejo, cada vez mais, como os homens querem cuidar. Conversando com uma amiga sobre isso, ela parou, pensou e disse: "Sim! E as mulheres são transgressoras por natureza". Na minha cabeça deu eureka! Pena que estamos sendo tão pouco audaciosas e seguindo imersas em referências de uma sociedade pautada na competição e na dominação. Semana passada, conversando com a monja Heishin sobre a violência contra mulheres e homens*, refleti: a verdadeira transgressão é questionar qualquer tipo de convenção que prive homens e mulheres de mostrarem a sua verdadeira essência. Transgressão é sair destes estereótipos superficiais que apenas reforçam carapaças do tipo "os homens são egoístas e insensíveis". Os homens são lindos. E nós, mulheres? Ah, não canso de falar: pura mágica. Que bom que tenho o prazer de conviver com homens e mulheres incríveis e não-conformistas com os quais continuamente aprendo que sempre encontramos brechas para os paradigmas existentes na sociedade. Só mais uma coisa: se você procurar enxergar racionalmente isto que eu estou dizendo, você não conseguirá ver. E muito menos sentir. Mas se um dia, todos nós enxergarmos e sentirmos isso, quem sabe, a partir daí, a essência será manifestada e o padrão irá mudar. E os homens poderão chorar abertamente e as mulheres poderão ousar livremente.
(*) Ensinamento do Dia
(*) Ensinamento do Dia