Eu não sei se o que me moveu foi a coragem ou o desespero ou outra coisa qualquer. Só sei que, em algum momento, eu me deixei mover. E agora sei também que quanto mais eu me entrego ao movimento, mais o movimento me move.
Tuesday, May 31, 2011
Hoje fui tomada por um riso frouxo, safado e solto que me avisou que algo está prestes a acontecer. Desconcertada, eu ria. Sem parar, só ria, ria, ria. De origem indecifrável, essa felicidade abusada e premonitória veio completamente de supetão e anunciou alegremente: o que você sonhou, por tantas encarnações, em breve, será vida.
Monday, May 30, 2011
Corpo e Alma
Itamonte, abril 2011.
“Séculos de divisão entre espírito e matéria nos deixaram distantes tanto de compreender quanto de experimentar a matéria como algo sagrado.” Marion Woodman
Sunday, May 29, 2011
Perfume de Mulher
Você a quer, eu sei. Por que você não assume logo que foi com ela que você se conectou? Não com outra, com ela. Pode ser que você não entenda, pode ser que você condene, pode ser que você lute contra. Mas a verdade é uma só: é com ela que você quer ficar. Com a prostituta-deusa. Profana, sagrada. É ela que você deseja. Fora das regras, fora das convenções, fora da lei. O seu coração bate por ela. Na fatalidade da noite, no amanhecer de um novo dia: ela. O seu pensamento hesita, mas o seu corpo continua pulsando e, incontrolavelmente, querendo ela.
Saturday, May 28, 2011
Friday, May 27, 2011
Pau que nasce torto, nunca se endireita.
As pessoas até querem mudar, mas elas não mudam por um único motivo: é trabalhoso e doloroso demais.
Fato!
Vira e mexe lembro da frase que ela me dizia: “a convivência destrói todos os mitos”. Vero! Inclusive a convivência consigo mesmo.
Big-Bang Reverso
A minha consciência anseia a síntese original, a fissão embrionária que irá liberar a criação divina, a conexão nuclear de onde irá emergir toda a potência de vida. A unidade abundante, enfim.
Thursday, May 26, 2011
Relaxando no colo do universo
Baixando a guarda. Respirando. Entregando. Confiando. Aceitando. Desmontando. Desfazendo.
Tuesday, May 24, 2011
Yang meu II
Itamonte, abril 2011.
Você é um menino e isso me irrita. Sabe por quê? Como estamos na mesma freqüência, isto quer dizer que eu ainda sou uma menina também. Humpft! Humpft! Humpft! Sim, só uma menina se apaixona por um cara porque acredita que ele tem uma energia especial. Só uma menina alimenta essa história platônica, fantasiosa e imaginária. E eu não quero mais ser uma menina. Eu preciso, quero e vou mudar. Eu vou mudar, viu?! Eu vou sair deste lugar da menina-vítima-orfã que fica esperando ser salva. Eu vou sair da toca do coelho por mim mesma. Vou crescer e sair deste buraco por conta própria. E quando eu sair do mundo subterrâneo, ninguém menos do que Pégaso estará me esperando para que eu possa voar na imortalidade da alma. No dorso da liberdade, vou sentir o sol no meu rosto, no meu corpo, na minha pele. Vou dançar loucamente e cantar abertamente: eu consegui!
Monday, May 23, 2011
Yang meu
Itamonte, abril 2011.
Ela disse para ele: por que você não é quem eu gostaria que você fosse? Você não compreende que vendo quem você é, eu percebo quem eu sou? E eu não quero ser isso que você é: menino, inseguro, desconfiado, auto-sabotador, controlador. Você era a minha esperança de que eu havia, de fato, mudado. É dura esta constatação, sabia? Tanta catarse, tanta limpeza, tanta regressão para olhar pra você e me dar conta de que eu permaneço no mesmo lugar, com as mesmas defesas e condicionamentos. Continuo a vítima-prepotente, a observadora-orgulhosa, a sensível com fachada de dura. Tudo bem que você é inteligente, sexy, espirituoso. Tudo bem que a sua conversa é incrível, que a sua alma acessa as estrelas e que a sua determinação para a mudança é genuína. Juro que eu adoro um monte de coisas em você. Sem falar no seu beijo, no seu olhar, no seu abraço quente, na sua energia... mas de que adianta você ser tudo isso, se você não se entrega ao fluxo da vida? Se rende, vai. Se joga no sentimento. Se descontrola. Faz isso por mim. Que é para eu olhar para você e finalmente saber que eu sou outra...
De Pinóquio para WALL-E
Troquei as minhas pernas de fantoche de pau por um par de pernas mecânicas. Longe de ser o ideal, mas já é um ótimo começo. Agora estou sem desculpas para ficar na caverna.
Reflexões sobre a minha vitimização
As vítimas seguem a lei da inércia e, mesmo sem lágrimas, permanecem no movimento do choro. Elas também obedecem à gravidade, rescusando-se a sair do buraco.
Vipassana = ver as coisas como elas realmente são
Vocês querem me colocar algemas?
Mas desde quando uma borboleta tem braços?
Vocês querem me enfiar numa gaiola?
Mas desde quando o mar pode ser enjaulado?
Vocês querem me dizer que caminho seguir?
Mas desde quando um pássaro precisa de rota?
Vocês querem me meter numa caverna?
Mas desde quando a luz pode ser escurecida?
Vocês querem me escravizar?
Mas desde quando a alma pode ser domada?
Sunday, May 22, 2011
A magia do desencantamento
Nada como ser forçada a ficar um pouco mais no mundo subterrâneo para retirar outro véu da ilusão.
Saturday, May 21, 2011
Tricksters, uni-vos!
Gato de Chesire, Saci-Pererê, Hermes, Zé Pilintra, Exu, Loki, Krishna, Pomba-Gira, Coringa, Carlitos, Mercúrio, uni-vos! Preguem peças em todos nós, seres pretensamente racionais e estúpidos! Provoquem a nossa falsa moral ranzinza, descortinando a espirituosa e espiritual conexão entre Logos e Eros. Que a sua alquimia bem-humorada nos transforme em deliciosas gargalhadas de vida.
Tuesday, May 17, 2011
Mea maxima culpa!
Sim, sim, sim! Eu continuo querendo controlar tudo e me ferrando por causa disso. Satisfeitos?
Discurso pronto não me convence mais
Enquanto você não sente, é tudo ficção. A mente é um labirinto e a verdade está no corpo, que nunca mente. Aí você me diz que é de Yemanjá e eu lhe pergunto: qual foi a energia de Yemanjá que você sentiu no seu corpo? O que fluiu em você? Ou você está apenas repetindo como um papagaio o que alguém lhe disse?
Monday, May 16, 2011
Morte anunciada
Quer dizer que, pelo medo que eu lhe abandone, você me abandona primeiro? Sabe, não importa o que eu lhe diga, o que eu faça, o que eu sinta por você, nada disso vai dissolver este receio infundado que você tem. Pior, quanto mais medo você tiver, mais abandonado você será. Não por mim, mas por qualquer uma.
Atrás da porta
Quando eu fechei a porta e fui embora, pensei: crônica de uma morte anunciada. O seu eterno medo que eu lhe abandonasse finalmente havia se consumado.
Atravessando a parede
Itamonte, abril 2011.
O meu querido amigo João Bortone foi quem acertou em cheio: a ordem inevitável. No caminho da alma não é possível pular etapas. Muito pelo contrário, se vacilar você só dá voltas sem sair do lugar. Reproduz mais uma vez e de novo a mesmíssima situação com pessoas diferentes, que representam espelhos iguais, até se dar conta de que precisa encontrar uma atitude nova para aquela repetição sufocante. Só quando permitimos o improvável é que a próxima dimensão nos toca conscientemente.
Transformando os equívocos do superego
Quando eu comecei a comemorar a saída do inferno, meus mentores vieram e avisaram: "calma, ainda tem mais". Desolada, respondi ironicamente: "caramba! Dá pra tomar uma Kaiser antes?" Foi quase inconcebível para mim pensar que eu ainda tinha que continuar caminhando neste lugar sombrio. Num desconsolo infinito, fechei os olhos e, de imediato, me veio à mente o título "Totem e Tabu". Well, well, well... haja fôlego para essa nova etapa, oxalá a derradeira no mundo subterrâneo.
Sunday, May 15, 2011
Se todas as deusas nos acolhem, quem somos nós para escolher uma e excluir as outras?
Itamonte, abril 2011.
Uma vez me disseram: você é filha de Yemanjá. E eu respondi: sim, sempre incorporo Yemanjá. Depois me falaram: você é de Iansã. E retruquei: sim, Iansã baixa muito em mim. Um Pai de Santo afirmou: você tem a pomba gira no corpo. E falei: sim, a pomba gira me acompanha. Ontem uma pessoa me disse: mulheres como você são de Oxum. E eu sorri: sim, Oxum vira e mexe me visita.
Saturday, May 14, 2011
Sentimentos kafkanianos
Itamonte, abril 2011.
Vertigem
Cansei das minhas repetidas repetições. E o pior, já estou consciente o bastante para saber que não posso culpar ninguém por elas. Sou eu quem cegamente caminha na direção dos mesmos erros.
Thursday, May 12, 2011
Livre
Itamonte, abril 2011.
Fale de mim. Isso fale mal de mim. Bem de mim. Me esqueça. Me entristeça. Sei lá. Me enlouqueça. Lembre todos os dias que eu existo. Todo santo dia. Me venere. Me odeie. Me ame. Me ame muito. Cada vez mais. Diga que eu não sou nada para você. Que você não viveria sem mim. Que eu sou tudo o que você sempre quis. Que você nunca se importou comigo. Que me deseja. Absurdamente. Que sempre me achou ridícula. Insensata. Linda. Ingrata. Fale. Me escreva obscenidades. Me jogue verdades. Me mande flores. Me ligue e bata o telefone na minha cara. Me bata na cara. Me beije. Me abrace. Me leia um poema de amor. Faça o que você quiser. Eu só lhe peço isso: faça aquilo que você verdadeiramente quer.
Tuesday, May 10, 2011
In Wonderland
Meu irmão Eduardo e eu na exposição O Mundo Mágico de Escher
"Eu não consigo deixar de brincar com as nossas certezas estabelecidas. Tenho grande prazer, por exemplo, em confundir deliberadamente a segunda e a terceira dimensões, plana e espacial, e ignorar a gravidade" M. C. Escher.
Monday, May 09, 2011
Sunday, May 08, 2011
Friday, May 06, 2011
Raspas e restos
Eu lhe digo: uma vez na vida, pare de pensar no que você deve fazer para o outro lhe amar. Tenha coragem de fazer o que o seu coração manda, mesmo que essa pessoa cuspa na sua cara. Alimente-se do que é seu e não das migalhas que você vive esmolando.
Thursday, May 05, 2011
Wednesday, May 04, 2011
Rebelião
Eu me recuso à submissão do “tem que”. Não “tem que” mais nada. Com ninguém. Lugar nenhum. Tempo algum. Coisa alguma. O meu verbo agora é prazer.
Moulin Rouge II
Eu me lembro como se fosse hoje do dia em que você esperou por mim na porta do meu prédio. Horas e horas se passaram e você com aquela rosa vermelha na mão. Quando eu cheguei, você já tinha ido embora, mas a sua paixão continuava lá. A sua vontade de me beijar permanecia intacta naquele lugar. Era tão poético tudo. Um dia tinha mesmo que ter fim.
Moulin Rouge
Eu lhe amei tanto. Amei o que eu gostaria que você fosse, mas amei. Projetei até não mais poder, até a ilusão ser tirada violentamente de mim e a realidade implacável cair na minha cabeça. Até você sair de cena e a cortina do palco fechar. Até todos irem embora e a luz apagar.
Tuesday, May 03, 2011
The long and winding road
Quando eu, por puro desespero, entrei nesta história de caminhada existencial, achei que iria ser jogo rápido. Dois palitos, pensei. Vou fazer a coisa acontecer de forma produtiva, afinal, quem trabalhou tanto tempo no mundo corporativo está mais do que acostumado à pressão, a metas insanas e pedidos absurdos. Refleti: vai ser moleza. Vou colocar o pé nas costas e no final comemorar com champagne e uma viagem internacional, de preferência num lugar exótico. Três anos após essa jornada, não só não tenho vontade nenhuma de viajar, como comemoração não é bem a palavra. Quem passou pelo inferno como eu, vai concordar comigo: quando começamos a ver a luz no final do túnel, temos a certeza de que não é o trem e a alegria que sentimos dispensa festas. O contentamento preenche e anuncia: ser feliz é mesmo o nosso destino, em qualquer lugar e a qualquer hora. É meio maluco isso e pode até soar arrogante, mas depois de habitar longamente uma terra desconhecida, escura e sombria, a luz não é uma surpresa. É a abundância que deve ser. Deus não é uma ficção e o aqui e agora deixa de ser uma expressão temporal. Derrotas, fracassos e desilusões deixam de ser lugares proibidos. A dor, a tristeza e o sofrimento se tornam tão banais quanto tomar um café na esquina. O medo continua, mas continua diferente. A tristeza permanece, mas bem desigual. Experimentamos sem resistência a impermanência. Quem transitou na sua própria sombra sabe: tudo é provisório. Ouvi alguém dizer: "não importa como você vive, o que realmente importa é como você se mata". Na sombra, a gente se mata. É tão simples e fácil quanto isso. É tão doloroso quanto isso. Assassinamos as máscaras, os esconderijos, as armaduras, os discursos construídos, os personagens cotidianos. Após tantos suicídios, o essencial emerge. Três anos depois e respirando livremente, sinto o prazer de estar aqui, a alegria de ser o que se é. Sem grandes planos ou metas. Sem necessidade de holofotes, medalhas ou aplausos. De pazes feita com a minha pior inimiga, a leveza me acolhe e me mostra que o teatro mais grotesco não era o que representava para os outros, mas o que eu me esforçava para atuar em mim mesma. Tranquila, aproveito o intervalo. E não tenho nenhuma grande pretensão. Estar aqui e agora me faz feliz. Somente. Mortas as ficções, o nascimento da verdade me acolhe. Eu sou eu, enfim.
Lá vem você de novo...
Ele me assegurou: “Você pode até querer ser outra, mas você é Medéia. Feiticeira, contraditória e intensa. Terrível e fascinante é o seu poder enfurecido.”
Eu até queria te dizer alguma coisa, mas a essa altura do campeonato (que campeonato será esse meu Deus?), a minha fala se foi, a minha vontade desapareceu, a minha esperança acabou. A dramaticidade do fim tomou conta de mim. Unhappy End. Well, nada que rosas vermelhas e um bilhete de amor não resolva. Acompanhado de um pedido de casamento, é claro.
Monday, May 02, 2011
Elogio ao egoísmo
Tenho me deparado com tantas pessoas que “querem fazer o bem” que ando me sentindo deslocada. Explico: de alguma forma, o que me enfada mesmo é um certo pseudo-altruísmo no ar. Muitas pessoas infelizes, mas, de todo jeito, tentando ajudar o outro a ser feliz. Para mim, isso é surreal. Parece que "fazer o bem" virou moeda social e precisa entrar na agenda, mesmo que a pessoa não dê conta da vida dela. Como eu vivo na contra-mão dos acontecimentos e já nem me dou mais ao trabalho de me perguntar porque, apenas resolvi refletir sobre o meu próprio egoísmo. Sem nenhum tipo de culpa, queria investigar os benefícios de ser uma egoísta assumida. Pensei até mesmo em escrever um texto em defesa do egoísmo. Foi quando me deparei com uma fala do Osho. Óima! Que o meu altruísmo comece por mim.
"Primeiro, reduza suas preocupações ao mínimo. Quer dizer, confine suas preocupações a si mesmo; já é o suficiente. Seja absolutamente egoísta. Sim, é isso que estou dizendo: seja absolutamente egoísta, se você quiser ajudar os outros algum dia. Se você, algum dia, quiser ser realmente altruísta, seja egoísta. Primeiro mude o seu ser. Primeiro crie uma luz dentro do seu coração, torne-se luminoso. Então você poderá ajudar os outros." “Se você não for egoísta não poderá ser altruísta.” Osho
Pinóquio
Vi essa foto minha na casa da minha dinda
Na casa da minha dinda
ouço o grilo me dizer:
a pior mentira
é aquela que contamos para nós mesmos
e a segunda pior mentira
são os fingimentos coletivos
com os quais compactuamos
Na casa da minha dinda
vem o grilo me falar:
submissão não é coisa de gente
é coisa de fantoche de pau
Na casa da minha dinda
o grilo não para de me alertar:
deixe de se comportar como marionete!
levante com a coragem de ser
criança de novo
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