Eu sei que é a mim que você quer. Mesmo fora. Fora de mim. Me segue. Em pensamento, em intento, em desejo. Cobiça. A mim. De canto, de longe, de jeito. Você me quer. Calado, hesitante, orgulhoso. Quer. Me quer. Apesar do incerto, da hipótese, do risco. Sou eu quem você quer.
Tuesday, August 31, 2010
é a mim que você quer
Eu sei que é a mim que você quer. Mesmo fora. Fora de mim. Me segue. Em pensamento, em intento, em desejo. Cobiça. A mim. De canto, de longe, de jeito. Você me quer. Calado, hesitante, orgulhoso. Quer. Me quer. Apesar do incerto, da hipótese, do risco. Sou eu quem você quer.
Monday, August 30, 2010
Eu queria escrever um texto...
Eu queria escrever um texto que fosse um bálsamo imediato. Um elixir mágico. Com palavras que lhe dessem colo, consolo, afago. Que quando você lesse, você sentisse que todas as suas tristezas não foram em vão, que as suas perdas foram necessárias e que a sua pior fase já passou. Um texto milagroso que curasse alquimicamente todos os seus males e afavelmente abrisse o seu coração. Que lhe transportasse para além de suas mágoas, de suas angústias, de suas decepções. Que lhe trouxesse um alento, um cafuné, um beijo. Eu queria escrever um texto que fosse uma espécie de alvará, no qual você sentisse a textura da liberdade, o cheiro das utopias e a leveza do ser. Eu queria escrever um texto que relaxasse os seus músculos, acalentasse o seu desassossego e acalmasse a rotação de seus pensamentos. Um texto no qual você pudesse descansar e nele se dissolver, se entregar, se deixar. Eu queria escrever no cosmos um texto... pra você.
Sunday, August 29, 2010
Lei da Atração
Nego, seguinte, em algum momento tenho que encarar os fatos - a problemática sou eu. Antes eu ficava repetindo: aqui parece margem de rio, só para tranqueira. Mas agora tenho que ser honesta comigo mesma: gente complicada atrai gente complicada. Entende? Ô meu preto, não é pessimismo não. É realismo. Preciso comemorar. Aceitação é cura, viu? Este é o primeiro passo para a libertação: consciência. Eu não tô querendo dizer que tá tudo errado com a minha pessoa. Muito pelo contrário. Você é meu amigo, você sabe. Dá pra aproveitar alguma coisa. Mas esses condicionamentos miseráveis estão acabando comigo. É bola de ferro no pé. Dá trabalho caminhar com isso. Saca Sísifus... pois é. Leva a pedra pra cima da montanha a todo custo e depois começa tudo de novo. Haja cansaço. Claro que eu acho essa ladainha da lei da atração pura auto-ajuda comercial. Nem preciso te dizer que comprei o livro e só consegui ler a primeira página com muito esforço. Você conhece o final desta opereta: tive que ir lá na Livraria Cultura devolver. Mas fato é que essa tal da lei da atração acontece. Sim, estou convicta de que isso é algo real. Porém, existem formas e formas para descrever uma realidade, mesmo quando invisível. Este livro banaliza. Ei, me lembrei agora de outra coisa. Por acaso não tem uma vertente da psicologia que trabalha com algo na linha: eu sou OK você é OK? Nem sei do que se trata, mas deve ser assim: se alguém se interessa por mim e eu acho que ele não é OK, então, consequentemente, eu é que não sou OK. Sacou? Tá, tá, eu distorço tudo e ainda por cima exagero. Você tem razão, eu adoro uma dramaticidade. O seu questionamento faz sentido. Repensando: quando um cara "feinho e burrinho" fica a fim de mim, isso não quer dizer que eu seja "baranga e tapada". Vejo aí uma certa lógica. O quê? Esse exemplo foi ruim? Como assim? Tá querendo piorar a minha auto-estima, é? Olha só, deixa eu falar sério agora. Quando leio a frase do escritor e filósofo americano Ralph Waldo Emerson... não, nunca li nada dele, só conheço essa citação mesmo... peraí, não precisa jogar na minha cara que pegar citação na internet para parecer inteligente é cafona, deixa eu contar primeiro, depois você pode criticar à vontade. Vou falar pausadamente para você absorver melhor. Escuta: "O que você é, vem para você". Diz aí, não é, no mínimo, intrigante? Quando leio isso - e dane-se se é na internet ou não - a ficha cai de novo: se eu sou insegura, atraio homem inseguro. Sim, eu sei que essas tais dessas fichas já caíram mil vezes, que essa é a milésima e uma vez. Você tem razão. Tem ficha caindo à rodo, mas a questão principal permanece: continuo exigente e resistente à mudança. Por favor, não me desanime, vai. A cada insight tenho uma renovação de esperança. Mesmo que depois a realidade despenque como um raio na minha cabeça e eu perceba que continua tudo igual. Tá bem, eu novamente no exagero. Igual, igual, nem tanto. Pelo menos, tô começando a dar risada das minhas mazelas. Esta talvez seja uma transformação. Quem sabe, a única verdadeira: comecei a rir de mim mesma. Como? Você já tá rindo de mim há muito tempo? Caramba, pra variar, tô rindo atrasada. Será que eu sou mesmo um caso perdido?
Friday, August 27, 2010
Ah, se o meu coração falasse...
Que eu sou brega, todo mundo já sabe. Quer dizer, eu não. Meu coração. Preciso pontuar melhor este fato, caso contrário, fica todo mundo achando que eu sou brega por inteiro. Ontem almocei com o meu irmão e ele me pediu - de novo - para eu não comentar mais publicamente o meu gosto musical. Palavras dele: "você acha que é cool falar que gosta de música sertaneja, mas não é não. É insuportável." Uma vez que eu resolvi postar essa música da Whitney Houston aqui, ele vai pensar que eu estou escrevendo este texto por pura pirraça. Até poderia ser, afinal de contas, só uma pirracinha não dói. Todavia, resolvi fazer este post porque eu estava surfando no YouTube e me deparei com esse vídeo. Aí não resisti. Antológico. Adoro! E sim, claro que vi o filme. Fiquem à vontade para jogar um pingüim de geladeira em mim. Mas se virem, porque o daqui de casa eu não empresto pra ninguém.
Thursday, August 26, 2010
"Pena eu não ser burro. Eu não sofreria tanto". Raul Seixas
Eu sou apaixonada pelo Raul. Não me pergunte desde quando. Desde sempre. Porque tenho a nítida sensação de que quando eu nasci, as músicas do Raul já estavam impregnadas em mim. Também não me pergunte por quanto tempo ainda. Never ending story. As suas letras, continuamente, se renovam na minha alma. Raul é atemporal. É tão metafísico quanto eu. Quanto a existência inexplicável do próprio ser humano. Sem mencionar o fato de que Raul é baiano, o que já o torna especial. É, eu ouço mil vezes suas músicas. Sem parar. Porque, cada vez que ouço, estabeleço uma nova relação com as palavras. De uns tempos pra cá, Gita é uma das que mais mexe comigo. Digo de uns tempos pra cá, porque antes eu não entendia. Ouvia e não fazia idéia do que ele queria dizer. Agora fico perplexa com a sua profundidade: "Eu sou o início, o fim e o meio", entendeu? "O meio". E "Ouro de tolo"? Escuto e fico esperando aquela frase absolutamente incansável: "porque longe das cercas embandeiradas que separam os quintas, assenta a sombra sonora de um disco voador". Libertador! Libertário Raul, eterno Raul.
Wednesday, August 25, 2010
O seu telefonema ontem
Eu sei que você me acha bem resolvida, segura, articulada, mas, antes que você se decepcione, preciso avisar logo: é tudo fachada. Dentro de mim, tem um mundo desmoronando. Bem, queria te falar isso mas não queria, porque o que eu quero te dizer mesmo é outra coisa. Apenas ganhei tempo porque não estou conseguindo sentir o que eu sinto, que dirá escrever sobre a nossa conversa de ontem. Pausa. Vou começar de novo. Depois que desliguei o telefone, fiquei me perguntando porque você me ligou. Provavelmente porque você queria jogar conversa fora. Simples assim. Para você, acho que foi apenas isso mesmo. Eu sei. A complicada aqui sou eu. Pra mim, nada é tão reto, muito menos os relacionamentos. Não, eu não ligaria para alguém por quem estou interessada apenas por ligar. Mas tem gente que faz isso, ou deve ter, e talvez você seja uma dessas "gentes". Para mim, telefonemas, mesmo que "simples", mexem muito comigo. Quer dizer, se fosse de outra pessoa, claro que não. Mas não foi o de outra pessoa. Foi o seu. E se você liga e fala "oi", já me sacode. Bem, ontem você me ligou e falou muito mais do que oi. Longamente mais que oi. Isso me levou a cogitar muitas besteiras por aqui. De tanto elucubrar, matutei que você me chamou para fazer joguinho comigo. Sim, um sexto sentido me diz que você tem todo um plano secreto para me envolver sem se envolver... pode ser? É, eu sei, eu entro na esfera das probabilidades irreais. Acontece. Porém, pelo real ou pelo irreal, preciso que você saiba, de uma vez por todas, o impacto do seu telefonema em mim: eu não estou mais dando conta dessas coisas. Que coisas? De joguinho de sedução, de esconde-esconde, de subterfúgios. Em tempos remotos, eu até me divertiria com essa espécie de artimanha. Num passado mais recente, eu colocaria a minha armadura e assumiria que nada me atinge. Porém, agora, na minha atual situação, a minha desproteção é gigantesca. Acredite. Dentro de mim sinto uma fragilidade indizível. Mesmo que aparentemente o meu tom seja assertivo, que as minhas palavras sejam bem colocadas, que eu seja direta, no fundo, uma qualidade puramente indefesa me governa. Por isso, entenda, não estou mais a fim de pessoas que querem manipular o outro apenas para se vangloriar. Ou se defender. Por favor, perceba, eu ando tão quebradiça que só de você respirar do outro lado do fio eu desmonto. É sincero. Talvez para você sejam banais, o telefonema, a conversa, a respiração. Para mim, é diferente. Eu sinto. Portanto, eu te peço: não me ligue mais somente para me cutucar. Da próxima vez, se quiser, bata na porta. Isso, bata na porta. E entre. Com todas as consequências que o seu sentimento por mim pode ter.
Sunday, August 22, 2010
Ainda você
Eu até poderia dizer que vou te entender, mas preciso ser franca: não tenho vontade de entender mais ninguém. Nem quando esse ninguém é alguém, como você. Sim, você é especial! E claro que merece ser compreendido. Definitivamente. Justo. Porém, não vou. Você vai me desculpar, mas não vou. Aliás, nem tentar eu quero. E também não busque me entender. Por favor. Serão várias tentativas frustradas e, no final, você vai acabar me odiando. Ou talvez se culpando por não ter conseguido. Já passei por isso. Não, longe de mim querer comparar você aos outros. Você é diferente, infinitamente desigual. Eu pressinto. É que eu mesma já desisti de me alcançar. Escavações profundas e extensas não conseguiram achar nenhuma explicação viável. Elas apenas se depararam com grandes inundações em dias de chuva. Fiquei cheia de tumultos molhados, mas nem sinal de reconciliação. Você não sabe o que dizer? Eu também não. Quem sabe esse seja um começo...
Abri o computador e lá estava o e-mail dele: “Eu leio os seus escritos de amor e fico aqui torcendo por um final feliz. É como se o seu blog fosse um livro. Vou te acompanhando”. Ainda de ressaca, curti a "coincidência", porque ontem mesmo pensei em compilar meus textos num “Blog Book”: Histórias em Aberto.
"Não vou mentir, na sua média você será medíocre"
Ele leu meu post "A Aceitação da Negação" e comentou: “Conforme lia, lembrei de uma canção da banda Móveis Coloniais de Acaju, com o sugestivo nome de Esquilo não Samba, que diz assim: 'Muito prazer./ Eu sou você amanhã/ Só não me apresentei antes/ Por medo de desmotivar."
Saturday, August 21, 2010
Você, hein?!
Você reapareceu e eu fiquei me perguntando porquê. Por quê? Estranho você. Esquisito você. Qual é a sua, hein? Fala aí. Fala aqui. Pertinho. Baixinho. No meu ouvido. Sim, no meu ouvido. Eu sou difícil? Complicada? Devo ser. Muitos me falam isso. Tá, muitos é exagero. Alguns. Mas eu te digo, é só fachada. Juro! Eu intimido? Só autodefesa. Mas você manda bem. Agora fiquei insegura. Sem saber o que dizer. Confesso. É difícil alguém me deixar assim. Assim como? Assim... sem palavras. Quando você fala, sinto uma quentura no meu rosto. Se fosse branca, ficaria vermelha. Mas a minha baianidade me dribla. Você tá confuso? Eu também. Deve ser a mudança de tempo. Se pudesse, iria para a Bahia. Lá a temperatura é quase constante. E eu oscilo menos. Vamos nos encontrar por lá? Difícil? Ah, vem comigo, vem! Depois te explico.
Friday, August 20, 2010
A essa hora da noite...
Eu não sei o que deu eu mim. Se foi a saudade, a bebedeira ou a carência. Ou tudo junto, quem sabe. Só sei que deu. Uma vontade de te ver. De falar com você. Não, não de falar com você. Isso é banal. É pouco demais para as loucuras que ando cogitando dentro de mim. Sim, te encarar. Verdade nos olhos. Essa seria uma possibilidade. Digo uma possibilidade porque não me atrevo. Quem sabe você. Nem pensar, você diz? OK, vamos ficando por aqui. Você aí e eu completamente perdida nesta noite esquisita. Paralisada. Congelada. Cansada de dar o primeiro passo. Mas é trivial falar que eu cansei de dar passos. A verdade é que eu cansei de tudo. Só não cansei de você. Ou do jeito que você tem, às vezes. Porque, para ser sincera, muitas vezes, cansei do seu jeito também. E de mim? Sim, cansei de mim. Sobretudo, cansei de mim. E das muitas coisas que me assombram. Como a minha insegurança que me impede de te ligar. Sim, a minha falta de auto-estima me tolhe. Ela me segura, apesar da minha vontade latente. Vontade de quê, você pergunta? Vontade de tudo, de qualquer coisa, menos da minha insegurança que me impede. Você não acredita que eu seja insegura? Nem eu. É ridículo mesmo. Mas preciso confessar que o ridículo me persegue, hora-a-hora. Delicadamente, ele me acompanha, enquanto você torce para que eu pegue o telefone e tecle o seu número. Pode ser. Qual era mesmo?
Thursday, August 19, 2010
A aceitação da negação
Eu queria ter a alegria da minha falibilidade, da minha mediocridade, da minha limitação. Porém, confesso que quando sou acometida por essas realidades, um mal-estar imediatamente toma conta de mim. Porque eu temo. Um medo profundo me engole, como um radar que me diz: lugares proibidos. Como se entrar nestes espaços fosse caminhar em direção a um poço sem fundo, de onde nunca mais poderei sair. Sendo assim, evito. Desvio com todas as minhas forças e com as forças que nem tenho. E desviando, esquivando-me de mim mesma, me exauro. Paradoxalmente digo, felizmente me exauro, porque é na exaustão, na minha total ausência de vontade própria, que sou atingida pelo fato de que também sou feita do que continuamente nego. É neste profundo esgotamento que balanço a cabeça, apenas, e admito: sou ordinária. Gostaria muito que fosse uma aceitação, mas não. É um nó, uma constatação angustiante. Uma frustração dolorosa. É por isso que queria ter a alegria da minha pequenez. Queria me sentir feliz por ser trivialmente comum, por perceber que ser comum é uma possibilidade e não uma determinação. Porque a verdade é que somos todos comuns, sem sê-lo. Queria naturalmente compreender que a busca insana por saberes acaba me afastando do mais autêntico e real em mim. Queria silenciosamente acatar a minha ignorância porque dela brota uma sabedoria inata e genuína. Do fundo do meu coração, queria suportar o fato de que a minha vastidão só será possível quando eu finalmente for compassiva o bastante para acolher a minha inexorável mediocridade.
era pra ser real
Não, não é a sua insegurança que me afasta de você, nem o seu medo, a sua imperfeição ou as suas falhas. Mas sim o seu orgulho gelado e vazio, que pretensiosamente tenta encobrir o que você tem de mais sincero. É ele que lhe paralisa e impede o que verdadeiramente nos une.
Wednesday, August 18, 2010
Tuesday, August 17, 2010
Não Se Pode Amar e Ser Feliz ao Mesmo Tempo
"Creio que, das cartas que tenho recebido, a de Jandira é uma das mais interessantes. Ela explica, às primeiras palavras, a natureza do seu drama: 'Brigo muito com Adalberto. E só acho, verdadeiramente, graça nele na sua ausência.' Aparentemente, o caso de Jandira é extraordinário. Uma mulher que prefere o bem-amado longe! E, no entanto, este é um caso bastante comum. Nós sabemos que todos os homens amam, inclusive os esquimáus. Dentro dessa quantidade tremenda – quantos homens cultos, inteligentes, interessantes? Uma minoria irrisória. O que existe, multiplicado por não sei quanto, é o namorado ou noivo ou esposo desinteressante. Chegamos, então, a um ponto crucial: que deve fazer a mulher de um cidadão nessas condições? Não nos cabe nem mesmo o direito de desejar que o chamado homem desinteressante desapareça. Porque assistiríamos a um espetáculo tenebroso: o súbito despovoamento do mundo."
Myrna (Nelson Rodrigues) e seus conselhos inusitados às leitoras do Diário da Noite. Nelson disse: "Se quiser saber quem é Myrna, responderei: apenas uma mulher"
Monday, August 16, 2010
Eu quero a sorte de um amor tranqüilo...
Ele: Não me esqueço do filme que me recomendou, porque a frase final é para mim a síntese do que sou. E me aceito como sou. Felicidade só é real compartilhada. Não sei ser feliz sozinho, não sei ser feliz me amando somente, não sei ser feliz não trocando. E por mais que troque com amigos, falta uma parte. Sinto um vazio, um oco.
Ela: Pois é. A gente tenta se distrair, se enganar, se convencer de que é possível ser feliz apenas consigo mesmo, constrói todo um discurso de auto-estima, de amor próprio, lê um monte de textos sobre como é essencial amar a si mesmo e aprender a ficar só, mas, no fundo, lá no fundo, queremos o que todo mundo quer: um grande amor. E PQP!!! Eu tenho direito!!! Meu Deus, por que não vem? Caramba, essa é a única coisa que eu realmente quero, um amor de verdade, mas parece que o meu lado pessoal não anda. O profissional de alguma forma sempre se ajeita, mas o pessoal: fiasco. Eu devo ser mesmo muito medrosa, confusa, infantil, ingênua, exigente, fechada, sonhadora, muito sei lá mais o quê. Devo mesmo. Mas preciso dizer que eu não tenho culpa do que fizeram comigo ou do que eu fiz comigo mesma, das minhas autodefesas. Eu simplesmente cansei de tentar entender e analisar tudo isso. Quero um grande amor apesar de todas as minhas profundas limitações e do meu passado que me condena. Estou exausta de procurar as causas, as raízes, os condicionamentos, os padrões repetitivos. Cansei! Eu sinto exatamente o que você sente: eu quero a sorte de um amor tranqüilo. Pode ser já?
Ele: ISSO! ISSO! ISSO! Fico pensando porque algo que deveria ser tão simples, pra mim parece uma impossibilidade de vida. Não quero mais peguetes, fuck-friends, mulher dos outros, namoradas loucas... só quero curtir o amor real, só isso. Ir ao cinema, ligar pra casa quando viajo e dizer a quem ficou que cheguei bem. Dar um bombom, receber um bilhete... viver o que é possível. Sem anexar a isso a loucura que nos degenera. Chega de impossibilidade. Tá na hora de receber um pouquinho. Tá na hora da gente parar de cavucar as profundezas da nossa mente, estamos nos perdendo e, invariavelmente, ficando cada vez mais no escuro. E tristes.
Devia ser simples...
Era o que eu queria dizer, mas no cansaço das horas que correm alucinadamente, as palavras rejeitam o ritmo do embaralhamento mental. Escondem-se em algum lugar na minha alma, à espera de um momento de redenção, que não chega. Felizmente existe ele, que sempre aparece com a frase certa, no exato momento em que meu sentimento difuso precisa ser nomeado: "É como se eu tivesse um estoque e um relógio comigo. O relógio mede o tempo que eu tenho para aprender algo que não consigo, e o estoque é minha capacidade de continuar tentando. Há tempos o estoque está se esvaziando mais rápido que o relógio corre."
Sunday, August 15, 2010
Deusa do Ébano: Rainha do Ilê Aiyê
Com cenas do cotidiano, ensaios de dança e entrevistas, o documentário mostra a importância do Concurso da Rainha do Ilê Aiyê, com a sua estreita associação com o Candomblé, em remodelar a idéia do que é belo, em uma sociedade onde afro-descendentes constituem a maioria da população, mas conceitos eurocêntricos de beleza feminina são dominantes.
"Deusa do Ébano: Rainha do Ilê Aiyê" foi dirigido pela talentosa Carolina Moraes Liu, com quem tive o prazer de trabalhar. Mais info aqui.
Saturday, August 14, 2010
O Transe e a Identidade
"Segundo o candomblé é através do corpo que o homem inicia o conhecimento religioso e alcança uma nova identidade mais forte e protectora, a do Orixá. É no corpo que vivem as experiências e se unem as várias informações simbólicas sobre o mundo; é no corpo que, vivendo as energias sagradas, o fiel se pode comunicar com o divino."
Por Rosamaria Susanna Barbara
Tuesday, August 10, 2010
A Bahia tem um jeito...
Super animada, contei para ele que hoje à tarde fui comprar uma gravura do Carybé na Galeria Oxum e que, para a minha total surpresa, lá estava a viúva do Carybé, com quem fiquei conversando um tempão. Resposta dele: “Otávio Mangabeira, governador da Bahia nos anos 40/50 dizia: "Imagine um absurdo. Algo impossível. Por maior que seja tem precedente na Bahia." Ao ouvir isso, eu me pipoquei de rir. Quanto à conversa com a D. Nancy, assunto para outro post :)
REAL
Escrevi um e-mail para ele dizendo que estava aposentando os meus óculos cor-de-rosa. Prontamente me respondeu: "Palavras de um mestre iluminado: A VIDA SÓ É REAL QUANDO EU SOU. G.I.Gurdjieff. Para pensar pouco e sentir muito, ou melhor, para nada pensar e simplesmente sentir..."
Monday, August 09, 2010
Erros Históricos
"Todos os relacionamentos em que nos envolvemos antes de encontrar nossa alma gêmea são apenas passos no caminho de nosso destino final. Nenhum relacionamento, mesmo se acabar em divórcio, é um erro. Cada relacionamento tem uma grande finalidade, nos levando mais próximo de nossa verdadeira alma gêmea.
O truque é se perguntar: Será que estou aproveitando a oportunidade para transformar minha natureza ao aprender com meus erros?
Se não aprendermos com nossos erros, vamos acabar em outro relacionamento que simplesmente irá repetir as lições que já se apresentaram antes. Apenas os nomes e os rostos serão diferentes. Pense em erros históricos que cometeu em um relacionamento anterior. Como você pode fazer as coisas de outra maneira agora?"
Texto enviado pelo Duda
Sunday, August 08, 2010
FLIP - “A poesia ainda consegue comover as pessoas” Ferreira Gullar
“É um milagre; eu vivo um dos melhores estados quando estou escrevendo minha poesia, mas infelizmente não é quando eu quero. Às vezes passo meses inteiros sem escrever… Cara, qualquer coisa pode surpreender um poeta. Quer ver? Outro dia, escrevi o poema “Acidente na sala” depois que bati o osso hilíaco num móvel. Cara, eu tenho osso, e osso pergunta? Não dá pra explicar entende… Vem do acaso.”
"Eu queria fazer uma poesia em que nada estivesse estabelecido e que eu próprio não passasse de um poema para o outro o que eu tinha aprendido no anterior. Terminei conseguindo, só que ninguém entendia nada." Ferreira Gullar
Veja artigo e vídeo da Folha aqui.
Saturday, August 07, 2010
Fantasiadores Anônimos
Hoje acordei lembrando dela e de sua frase emblemática: "Pat, dados de realidade!". E fiquei me perguntando: quem vive de gerar ilusões é o quê? Fantasiador? Melhor usar esse talento para ser mágico ou poeta...
Aposentando os óculos cor-de-rosa
Sobre o feminino e o masculino
O que posso dizer? O masculino é lindo! O feminino, ah, o feminino... pura mágica! E nós, seres humanos, serpentes em fogo. Pena que fomos todos engolidos por um sistema, que embrutece os nossos sentidos e sucumbe a nossa energia criadora à sua lógica manipulativa. Em meio a tantas opressões e repressões, alguém se atreve a julgar o outro? Podem me jogar pedra, mas antes eu peço: vamos chacoalhar as estruturas que nos escravizam, derreter o mental no sentimento e "fazer muito amor porque amor não faz mal".
Tuesday, August 03, 2010
Fronteiras
Pôxa, é isso? Jura que é só isso? Vamos ficar no limite do quase nada? Na borda de você e mim? Tentamos pouco. Perto da indiferença. Foi o cansaço. Não o cansaço de nós, mas o peso dos que ficaram pra trás. Na verdade, nem tão pra trás assim. É. Pena. Mas a minha exaustão me impede. Te impede. Nos impede. Queria crer. Mas em meio a tanta canseira, preciso que você se entregue. Por mim. Em mim.
Monday, August 02, 2010
Ele
Eu nem sei como aconteceu. Mas rolou. Lá estava ele. Ele. Sem nenhum motivo. Sem razão alguma. Ou talvez pelas regras mágicas que o próprio acaso tem. Mas o fato é que eu via que era ele. Finalmente, ele. Como eu sei? Você me pergunta, como? Ah, no mundo de hoje, quando todos nós já descobrimos que o pensamento cartesiano é um método absolutamente cafona, você me pergunta: por quê? Pra que perguntar por quê? É ele. Assim. Desnecessário explicar. Eu apenas tenho certeza. Aquelas certezas certas, convictas, absolutas. Daquele tipo, sabe? Que vem do coração. E que a mente nem cogita ou se atreve a questionar. Mas não importa essa discussão. O que importa mesmo é que veio ele. Inesperadamente. Tão inesperado quanto quando você para de esperar. De querer, de desejar. Quando você até esqueceu que esperava, ou queria, ou desejava. Bem, o que interessa isso? O que interessa mesmo é que é ele. É somente isso que faz sentido. Enfim, ele.
Wall
Com lágrimas nos olhos, ela disse para ele: "Isso, defenda-se! Construa um muro ainda mais alto e mais resistente. Impenetrável. E quando a luz desaparecer, quando o ar for rarefeito e sufocante, quando você não conseguir ver mais nada à sua frente, por favor, não se surpreenda. Apenas definhe na sua própria autodefesa. Apenas apodreça na sua autocomiseração."
Sunday, August 01, 2010
Incondicionalmente Inevitável
Meu querido João, falar de você tornou-se algo muito difícil para mim. Estranhamente difícil. Porque quando entramos neste espaço chamado sentimento, no território do sensacional (como diz o nosso mestre Doc), as palavras simplesmente não se atrevem mais. Tornam-se pequenas, desnecessárias, ridículas. A amizade incondicional habita esferas, nas quais palavras como agradecimento e admiração são permanentes e, por isso mesmo, redundantes. Na sexta, você me emocionou muito com o seu livro, o seu gesto, a sua atitude. Entretanto, mesmo que não existisse livro, não existisse gesto, mesmo que você não fizesse mais nada, nunca mais, o meu coração seguiria com você, tocado pela sua existência. Não vou te agradecer pelo mágico momento que você me proporcionou quando me estendeu aquele envelope. Dizer obrigada ou que eu te admiro profundamente ficou pequeno demais diante da nossa amizade. Então, vou apenas concordar com você e dizer: sim, meu lindo, eu te devo um livro. Está a caminho. No caminho.
Lançamento do Livro, A Ordem Inevitável, de João Bortone.
Minha Casa
Vale do Pati, Bahia, 2003.
durante muito anos
olhei pela fechadura
da porta.
analisei, observei
busquei
manuais, jeitos, formas
e questionei longamente:
onde encontro
a chave?
mas de repente
num rompante
de coragem, de loucura
ou de desespero
numa intuição
destituída de regras
ignorante de portas,
de fechaduras e chaves
simplesmente invadi
onde eu já habitava.
acordei
naquele lugar
onde entrar e sair
não existe.
onde sempre estive,
estarei e estou.
onde sempre estive,
estarei e estou.
Subscribe to:
Posts (Atom)